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Visitou em seguida o reino da Etruria, procurou sem descançar, como um cão que perdeu o faro de seu dono. Uma tarde, em Piombino um albergueiro pareceu recordar-se d'um harpista velho que ali pernoitára havia um anno com uma criança que lhe chamava avô. Vira o velho e a criança. De mulher franceza que os acompanhasse, não tinha reminiscencia. Fizera reparo nos dois, pelo contraste.

Ao nosso lado ia marchando fatigado um harpista egypcio, com uma pluma escarlate presa na peruca frisada, um pano branco envolvendo-lhe a cinta fina, os braços pesados de braceletes, e a harpa ás costas, recurva como uma foice e lavrada em flôres de lotus. Topsius perguntou-lhe se elle vinha d'Alexandria. E ainda se cantavam nas tabernas do Eunotos as cantigas da batalha d'Accio?

A historia do velho e da criança fez profunda impressão no animo attribulado de Graça Strech. Perdeu-se em conjecturas. Seria Pietro? Haveria morrido Rosina? O estalajadeiro não soube dizer-lhe o nome do harpista. Sobretudo, a ideia da morte de Rosina enlouqueceu-o de dôr.

Não foi por minha causa, não. Eu não tenho orgulho senão de ser avô da menina... Avô! Sim, pelo coração não posso deixar de o ser. O verdadeiro avô não lhe quereria mais. Mas o tal esculptor encantou-se com a menina. Quem se não ha de encantar? Modelou-a. Foi a primeira estatua levantada em honra da pequenina harpista. A mim modelou-me de certo pelo contraste.

Aquella criança seria realmente seu filho, e viveria no mundo sem pae nem mãe, apenas confiado á protecção do pobre harpista napolitano, cuja velhice e trabalhos em breve o prostrariam, se era que ainda vivia a essa hora? E se elle tivesse morrido, que seria da criança na infantil inconsciencia dos seus quatro annos, que tantos devia ter a ser seu filho?

Graça Strech percorreu vertiginosamente todas as estalagens, todos os albergues, recolheu informações particulares e officiaes, e não soube nada. Disseram-lhe que talvez o harpista houvesse passado, como é costume d'elles, a outras cidades d'Italia, por isso que a concorrencia os afugenta de Napoles. Acceitou o alvitre.

Aqui está o que o albergueiro de Piombino dissera, acrescentando unicamente: Quando elle sahia, perguntei-lhe que rumo levava, porque realmente o harpista me fez pena. O velho respondeu: Vamos correr esse reino d'Italia, á mercê de Deus. Bem que é preciso trabalhar: somos duas boccas, e temos dois braços são os meus que pouco podem.

Fez porém um esforço, que devia tel-o prostrado a não ser ainda aquella a hora de avistar a Terra da Promissão. Apartou febrilmente o grupo, relanceou por sobre as cabeças um olhar d'aguia, e com um grito fez emmudecer a harpa e affastar a gente que rodeiava a harpista. Um homem de meia edade, que não era decerto Pietro segurava a harpa, tangida por uma pequenita vestidinha de preto.

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