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Era pois La goutte uma personagem lendaria no exercito francez, e passava em proverbio dizer-se, quando se era mal servido: Eu sou conhecido do Bénard. Rosina Regnau, ao vel-o ferido, sentiu-se propellida a dolorosa piedade. Estava alli La goutte, que ella tantas vezes vira desde a sua infancia, e de quem tantas vezes se rira na edade em que toda a excentricidade nos parece ridicula.

A sua alma é tão extraordinariamente grande, tão poderosamente forte, que chega a assombrar-me a coragem do seu amor... Eu conheço que vae raiar para mim uma nova aurora. Quizera poder-me dar completamente ao seu amor, viver d'elle e para elle, mas infelizmente a aurora que vae raiar nasce tinta de sangue, e sangue... de seus irmãos. Rosina tinha lagrimas nos olhos e fogo no coração.

Toda a sua attenção se concentrava na idéa fixa da fuga. Rosina continuava a ser para elle a dedicada, a solicita, a meiga enfermeira dos primeiros dias. Se em tão carinhosa dedicação estava occulto o germen do amor, se era aquella a mascara da alma apaixonada que tinha de respeitar conveniencias e circumstancias, não tardará que o saibamos.

Graça Strech, sem attingir o que se passava na alma de Rosina, estava ancioso de dizer-lhe: Tudo quanto aquelle homem disse era verdade. Por mim perdeste tudo, Rosina, por mim preferiste a solidão, em que ora vives, á tua immensa familia o exercito francez. Eu comecei por odiar-te, porque eras irmã dos assassinos de minha irmã.

A Rosina não desanimava porém, estendia o bracinho curto, queria apanhar-lhe a Suissa que voejava por sobre o collarinho, balbuciando a palavra Avô, chamando-o com imperio, querendo subjugal-o ao capricho da sua pequenina vontade.

Quem me diz porém que não hei de vencer? Não vi eu porventura tantas batalhas, não as vejo ainda, e não posso tirar da incerteza da victoria um bom agouro para o meu futuro? Dize-te, pobre Rosina, diz a ti mesma o que são os combates que tantas vezes tens visto. Pinta um quadro para ti. Anima-te!

Queria ir procurar Rosina, de quem nada sabia tambem, mas desejava despedir-se da familia que ficava, antes de partir para o seio da familia que o esperava. Não pôde realisar o seu desejo. Registos parochiaes não os havia. N'aquella immensa hecatombe da invasão, tambem as sepulturas foram invadidas sem averiguar-se por quem.

Se obedecesse ao primeiro impeto, haveria falado, porque lhe passou no espirito a suspeita de que Rosina o denunciára, e de que esse soldado, que tanto se arreceiava de ser surprehendido, era um assassino galardoado talvez pela devassidão da vivandeira.

Depois, á medida que ia cobrando forças, não entrou de raciocinar ácerca de Rosina, como lhe acudiu a lembrança de seu pae, cuja morte o tempo comprovára, e a consciencia da sua propria situação. Estava prisioneiro, guardado á vista por sentinellas francezas, e todavia havia jurado vingar a morte da sua familia. Esta idéa infernou-lhe as primeiras horas de lucidez.

Não vêdes a morte?... Não quero morrer... E Rosina?... Meu filho!... Estou aqui sósinho... Pietro tocava a sua harpa.. A muda chorava muito... Em Coimbra, n'aquella tarde... Sim, ella era innocente e pura... Pietro parecia triste de a vêr chorar... Que é?... São os francezes?... Que venham... Eu vingo a memoria de minha irmã, mas não quero morrer porque tenho um filho...