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Em 13 de Setembro do anno de 500 chegou Cabral a Kalikodu. Não ia, como Vasco da Gama fôra como descobridor; ia como embaixador, á frente de uma poderosa armada, para não ser tomado por pirata, mas sim pelo emissario, que era, do nobre monarcha portuguez, portador das suas cartas e propostas de alliança para o rajah de Kalikodu. Como tal foi effectivamente recebido, n'uma audiencia solemne.

Cinco annos tinham decorrido depois da viagem de Cabral; havia uma fortaleza em Katchi; estava batido o de Kalikodu; os navios portuguezes pirateavam em liberdade no mar da India; e numerosas náus de Meka iam sendo apresadas. Esboçava-se o futuro imperio, anarchicamente, mas por fórma tão decisiva, que era mistér organisal-o, dar-lhe uma lei e uma direcção.

Entretanto no pensamento do viso-rei, maduro pela observação local e pela prova de uma primeira guerra maritima com que o impenitente rajah de Kalikodu o recebera, formulava-se todo o seu plano de dominio. Não duvidou expol-o a D. Manuel na carta que lhe escreveu, e que é um dos documentos mais importantes da historia portugueza no Oriente.

Quem via a esquadra com que Nuno da Cunha se foi a Diu, podia avaliar a transformação que trinta annos apenas, ou menos ainda, tinham produzido no caracter dos portuguezes. Ninguem os tomaria pelos descendentes de Pedralvares Cabral, envergonhados da sua pobreza em Kalikodu; nem sequer pelos piratas domesticados com a disciplina de Albuquerque: pareciam mouros, na opulencia e nos costumes.

Navegando porém no mar das Indias, com toda a artilheria carregada de metralha, para arrasar Kalikodu, encontra o Gama uma náu de mercadores arabes que ia para Meka ou voltava, nas romarias constantes á santa Kaaba. Além da tripulação, o navio trazia duzentos e quarenta homens passageiros, com suas mulheres e filhos.

Os escrivães iam comprehendendo, desconfiados: e os portuguezes desconfiavam tambem dos sorrisos do rajah. Apesar d'isto, porém, foi concedido o que pediam; e Cabral fundou a primeira feitoria portugueza na India, em Kalikodu.

Foram a Katchi acudir ao rajah, na sua guerra com o de Kalikodu, e construiram a primeira fortaleza na India. Albuquerque voltou ao reino; Pacheco ficou em Katchi com as tropas e navios preparados para o ataque. O heroe porque este bateu-se como uma féra, no seu covil de Kambalaan, nobre, desinteressada e bravamente desde logo disse que toda a festa havia de ser de artilheria.

Facil seria, sem duvida, convencer o principe de que Vasco da Gama era um pirata, o seu rei uma burla; e sem o pensarem, decerto, os mouros de Kalikodu definiam antecipadamente o dominio portuguez, que veiu a differençar-se d'uma pirataria commum, em ser uma rapina organisada por um Estado politico. Um anno depois, no mesmo dia, chegava a Lisboa.

O incendio de Kalikodu, em 16 de dezembro do anno 1500, era a funebre aurora da historia oriental. Se as pedrarias tinham cegado os olhos dos portuguezes, agora as chammas cegavam os olhos afflictos do rajah, n'essa noute de cruel memoria.

Porém o acontecimento mais grave d'este periodo foi a guerra simultanea do Adil-Shah contra Goa, do de Ahmednagar contra Chala, do Samudri contra Kalikodu. Apesar dos symptomas de decomposição, o imperio commercial portuguez attingia, no fim do XVI seculo, o seu apogeu.

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