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Eis a velha cidade! a cortesã devassa, A velha imperatriz da inercia e da cubiça, Que da torpeza acorda e á pressa corre á missa! Baixando o olhar incerto em frente de quem passa! Ella estreita no seio a velha populaça, Nas vis dissoluções da lama e da preguiça, E nunca o santo impulso, o grito da Justiça, Lhe fez estremecer a fibra inerte e lassa!

Se ela soubesse!... Se ela adivinhasse algum dia, por uma extraordinária intuição amorosa, vulgar nas mulheres de sensibilidade mais fina e de razão mais lúcida, que Frederico a amava e que, quando êsse amor era uma alvorada de poesia na sua alma, longe de o elevar, de o sublimar, de lhe inspirar as grandes bondades e as grandes abnegações, o impelia para os braços de criaturas que pertencem a todos e lhe fazia apetecer os beijos voluptuosos de bôcas femininas que osculam os homens que lhes pagam!... Se Júlia pudesse assistir em espírito ao espectáculo do seu coração devastado diante da imagem luminosa dela e duma cortesã, que tôdas as noites dormia em leitos sempre diferentes!

O digno auctor da Casa de Gonsalo, seguindo as pisadas dos homens da sua eschola parece querer tornar solidaria a arte dos gregos e romanos com a arte do renascimento; essa arte bella, pura, e nacional dos antigos com a arte caprichosa, polvilhada, cortesã e regreira do seculo de Luis XVI. Hoje não é licito ignorar as differenças que ha d'aquella a esta: ignorar que além de outras coisas duas regras essenciaes para os modernos faltam entre os antigos as unidades de logar e de tempo, e que vice-versa entre os antigos havia no theatro os coros que os classicos modernos deixaram, bem como a musica tanto dos coros como da scena, a qual fazia que o drama fosse então o que é hoje a opera italiana, ou a vulgar, onde esta existe.

Tenho-a visto passar, cantando, á minha porta, E ás vezes, bruscamente, invadir o meu lar, Sentar-se á minha mesa, e a sorrir, meia morta, Deitar-se no meu leito e o meu somno embalar. Tumultuosa, nos seus caprichos desenvoltos, Quasi meiga, apesar do seu riso constante, D'olhos a arder, labios em flor, cabellos soltos, A um tempo é cortesã, deusa ingenua ou bachante...

Mas é, Senhores, sob outro aspecto que importa considerar este homem extraordinario para avaliar a missão da sua eschola, e saber qual transformação o apparecimento d'ella veio produzir na arte. Na litteratura dos arcades, como nas litteraturas de epocha de D. João III e da épocha d'Augusto; a poesia tinha sido essencialmente cortesã, aristocratica, altiva.

Emquanto a vil cidade, a cortesã devassa Dos falsos ouropeis, Com seus famintos cães, a sua lua baça E os seus negros bordeis, Resona torpemente aos beijos deleterios D'alguns velhos amantes; Os longos hospitaes e os tristes cemiterios Que a afagam delirantes! Comtudo eu tambem sei que existe muito instante De gelos, em que tu, Feroz, cravas o dente agudo e penetrante No pobre seio !

Palavra Do Dia

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