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As senhoras, tomando um ar admirativo e profundo, mal agitavam os seus labios, ciciando phrases curtas, cheias de enternecimentos. O teclado principiou a gemer uma melopeia vaga, muito triste, como a voz funerea de cyprestes nas aleas d'um cemiterio. O Alberto, tomando uma pose impertigada, ao lado do piano, começou a recitar, n'uma cadencia monotona, o «Noivado do sepulchro» de Soares de Passos.
Olha, hoje acordei de um sonho tão lindo! deu-me forças para levantar-me do leito e vestir-me de branco para vir contal-o a ti só. Como não choraria minha mãe que me vela se o soubesse! Não sei se velava, se dormia; minha alma parecia voar, suspensa n'uma como cadencia, vaga, quasi imperceptivel, confundia-se com ella até perder-se no céo. Acordei de subito; restava-me só a illusão.
No reverso da folha onde escrevo, Um cantor jovenil pulsa a lyra, E magoado, e sentido, suspira, Com saudosas memorias d'amor! Na cadencia da lettra singela, Qual murmurio de branda corrente, Transparece sua alma innocente, Toda vida, perfume, e calor!
Então, tomado d'uma fadiga molle, fui errando pelo paquete, olhando, aqui e além, a bussola alumiada; os montões de cabrestantes; as peças da machina, n'uma claridade ardente, batendo em cadencia; as fagulhas que fugiam do cano, n'um rôlo de fumaraça negra; os marinheiros de barba ruiva, immoveis á roda do leme; e as fórmas dos pilotos, sobre o pontal, altas e vagas na noite.
Houve durante momentos um silencio lugubre, que pesava horrivelmente, como um prenuncio de matança e de horror. O rei então agitou a lança. Immediatamente vinte mil pés se ergueram, e tres vezes, em cadencia, bateram no chão que tremia.
Quando mais tenue partiu A cadencia saudosa, Tua boca proferiu Não sei que cortadas fallas, Que o ouvido não sentiu, Porque vieste graval-as Com a voz do ceo no peito, Que a ti rendido e sujeito Anhelando t'as ouviu. Ao proferil-as, dormente O teu olhar descaíra, E em teu pallido semblante A expressão se reflectíra Dos affectos que agitavam A tua alma nesse instante.
E em torno os clamores disciplinados retumbavam em cadencia, como malhos n'uma eira: Bar-Abbás! Bar-Abbás! Bar-Abbás!
Hernanda pairava em espirito pelo empyreo; sua alma pura abysmara-se na immensidade do fóco de todo o amor. O extasis em Hernanda, originado pelo fervor piedoso, era o entorpecimento dos sentidos, um scismar indolente á cadencia dos inefaveis concertos das cytharas dos cherubins.
Como se poderá fazer idêa da harmonia da prosa de Demosthenes ou Cicero, da melodia e da cadencia dos versos de Virgilio ou de Hesiodo, articulados e recitados com as regras de pronuncia e de accentuação dos idiomas modernos e escutados por ouvidos de Barbaros?
Na pura litteratura, que nos deixou o Conde de Ficalho? Escreveu o nosso consocio, o conde de Sabugosa, que elle distinctamente versejava na inspiração acidula de Baudelaire e na dolente cadencia de Musset.
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