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Atualizado: 11 de junho de 2025


Oh formosa Natercia! a excelsa altura Do glorioso Olympo andas pizando; E eu ausente da tua formosura! SYLVANO. Qu'he isso, que do ceo estás fallando? Parece-me que ja não es Soliso, Ou que de puro amar vás delirando. SOLISO. Quem ja perdeo aquelle doce riso, Que siso produzia e dava vida, Não he muito que perca a vida e siso.

Porque não posso eu crer que resultasse D'alguma baixa causa hum tal effeito, Que até nos duros montes se enxergasse. O coração dentro no meu peito M'assegura, que tanta novidade Não traz a origem de commum respeito. Mas, por entre a confusa claridade, vejo vir Soliso com seu gado: Delle espero entender toda a verdade.

Neste bosque huma Nympha se aposenta, Por quem elle na vida anda morrendo; E he causa desta dor que lhe contenta. E segundo o que delle agora entendo, Se a vista não m'engana o pensamento, Ou de vãa phantasia estou pendendo; Quando fôra maior o grão tormento, Que Soliso padece, não pudera Igualar-se com seu merecimento.

SYLVANO. Declara-me que cousa tens perdida, De que tanto te queixas; que ao que sento, Natercia destes valles he partida. SOLISO. Quão livre falla aquelle que o tormento Alheio de fóra, mas não sente Onde chega tamanho sentimento! A gloria qu'eu perdi não me consente Palavras naturaes, razões expertas, Que possão declarar a dor presente.

SOLISO. De quanto alento e gôsto me causava A vista da manhãa resplandecente, Com que toda a tristeza s'alegrava; Que quando vinha o sol claro e luzente, Bem claro então em mi se conhecia Huma nova alegria differente; Tanto agora me offende o novo dia, Vendo que me não mostra a formosura, De que me mantinha e vivia. E não me quiz deixar triste ventura Esperanças de mais tornar a vella!

Todos estes sinaes, que não se vião Nas Auroras a esta antecedentes, Algum damno mortal nos annuncião. Eu não sinto o que seja: se o tu sentes, Não te seja o dizer-mo mui penoso; E entenderei por ti taes accidentes. SOLISO. N'outro tempo me fôra deleitoso Por extremo, Sylvano, gôsto dar-te; Mas todo gôsto agora me he nojoso.

Quero chegar-me a elle, em quanto espera Que descendo o vagaroso gado: Saberei delle o que saber quizera. Venho, Soliso, a ti com hum cuidado, Que todo m'entristece; e com grão medo De grão mal sôbre nós inopinado. Vês tu como está agora este arvoredo Triste e pezado, lugubre e sombrio? Como o vento parece que está quedo?

Nós veremos por annos infinitos Nos altos troncos destas faias bellas Os nomes vossos por memoria escritos. Os vossos premios recolhei, pastores: Cada qual igualmente o seu merece; E ambos d'Apollo os mereceis maiores. Recolhamos o gado; que anoitece. SOLISO e SYLVANO.

Bem sei que o meu descanso pretendias; E a mesma confiança faz negar-te O que destes sinaes saber querias. SYLVANO. Não queiras mais, Soliso, prolongar-te; Pois pende o gôsto meu da tua vida: Se corre risco, dá-me delle parte. SOLISO. De todo a sinto ja desfallecida Nas lembranças daquella breve historia, Que foi para meus males tão comprida.

Se pola que te guardo te aborreço, Sabe que hum cego entendimento Ás amizades faz perder o preço. Eu te deixarei com teu tormento; Mas não sem dor de ver que tanto a peito Tomes hum tão damnoso pensamento. SOLISO. Outra he, certo, a razão, outro o respeito Que negar-te me fez o que pedias: Não creias que de ti tão mal suspeito.

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