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Do dia de Natal ao dia de Reis passou o tempo para o conselheiro em visitas ás freguezias e aos influentes d'aquelle circulo eleitoral, visitas a que o acompanhava Henrique de Souzellas, que tomava parte, com gôsto, n'estas excursões politicas. Em casa do sr. Joãozinho das Perdizes, na freguezia de Pinchões, passaram elles um dia.

Este requerimento, simples e justo como era, suscitou discussão. O brazileiro allegou que, sendo os de Pinchões os primeiros a votar, em virtude do artigo 62.^o do decreto eleitoral, que manda votar primeiro a freguezia mais distante, e não estando na assembléa ninguem d'aquella freguezia, convinha esperar.

Observada esta deferencia, mencionemos os mais. Um era nem mais nem menos do que o sr. Joãozinho das Perdizes, em quem temos ouvido falar por mais do que uma vez. Era o dicto sr. Joãozinho morgado e proprietario em uma das freguezias proximas, chamada de Pinchões; mas propriedades e morgadia andavam-lhe tão embaraçadas em redes de demandas e de hypothecas, que Deus nos acuda.

N'isto saiu a correr da igreja um influente politico, e principiou a olhar para todos os lados, como procurando alguem. Que temos nós , ó sr. Luiz? perguntou-lhe o Pertunhas. Onde diabo estão os de Pinchões? perguntou o interpellado. -Inda não vieram. Diabos os levem! Vae-se principiar a chamada, e elles não apparecem. O morgado é homem para se esquecer a catar os cães.

Atraz vinham os eleitores de Pinchões, velhos e moços, ricos e pobres, mas todos com o olhar timido e estupido, todos com movimentos enleados, todos com os olhos no caudilho, para saber o que deviam fazer.

Até alli a victoria podia ainda talvez questionar-se, porque a actividade do Tapadas tinha expremido as freguezias, que lhe eram affectas, até deitarem o ultimo eleitor; velhos, doentes, mancos e paralyticos fôram transportados em cadeiras e em padiolas até a urna para votarem. Mas a freguezia de Pinchões ia abafar a eleição inevitavelmente.

Cento e trinta e cinco votos a maior, sr. conselheiro, nem mais nem menos respondeu o Tapadas, rindo ás gargalhadas. Cento e trinta e cinco repetiu o Pertunhas. Mas d'onde vieram! Ora essa é boa! De Pinchões. De Pinchões repetiu o Pertunhas. Como?... Pois o morgado?... Votou comnosco como um homem. Ora pudéra!

Trocados alguns alvitres, lida a lei, discutidos os artigos d'ella, consultados os recenseamentos e mappas, pedidos esclarecimentos ao regedor, ao administrador, e ao parocho, é que se approvou a proposta do conselheiro e principiou a chamada. A freguezia de Pinchões faltou em pêso.

O brazileiro estava perturbado; olhava para a porta, olhava para a lista dos recenseados, olhava para os amigos, olhava para os adversarios, e sobretudo para o conselheiro, em cuja insistencia em principiar a votação julgou descobrir cavillação. Na urna não tinha entrado uma lista. Pregoou-se o ultimo nome dos eleitores de Pinchões. Ninguem ainda! Passou-se a outra freguezia.

O sr. Joãozinho, em vista d'esta fusão de partidos, achou-se encorporado na liga, e em pouco tempo teve occasião de demonstrar de novo a sua influencia eleitoral, trazendo compacta á urna a freguezia de Pinchões, para reeleger o conselheiro que, pela sua nomeação, perdera o logar de deputado.

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