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Atualizado: 17 de junho de 2025


Quanto mais revolvida a materia, mais bella é a eclosão do sonho. Da vida da Mouca que começou a soffrer em pequenina, logo a principio se creou algo de radioso. Ella ri, a Mouca, escarnecida e calcada, sem ter tido quem a ampare senão prostitutas e ladrões. Nasceu para gritar e ri. Mas nada se perde na vida. Ella que tudo ignora, rolada como as pedras no enxurro, conhecerá o extraordinario sonho.

Uma queria penteal-a, outra ajudal-a. a Mouca lhe tinha o mesmo odio. Olha , ó parida!

Nos olhos reflecte-se-lhe o abysmo que descobre, a seccura dos outros, o sonho calcado e por terra, lagrimas e enternecido espanto. Foste tu! foste tu! Tu riste-te de mim!... diz, apontando a Mouca. Os ladroes gargalham e ella se calla, a Mouca que tem rido sempre de tudo, da vida, da morte e até da propria desgraça. Ó Mouca! ó Mouca! olha o poeta! gritam todos á uma. Que é? Deixem-me!...

Quasi que nada restava da Mouca, escarneo de ladrões e de soldados. Até a voz se lhe sumira... Dia soturno, de nevoa, cinzento e humido. Começo da noite. Fóra, na rua, lama e gritos; dentro as mulheres acendem um candieiro fumarento. Vae morrer a Mouca. Limpam lhe as prostitutas o suor da agonia e ante vem os ladrões e os soldados para ao redor da enxerga vêl-a acabar.

Estou ao de ti. Tenho frio, muito frio... Juntam-se as caras dos ladrões e dos soldados, todos em roda e ante tambem o Velho se chega para a cama. A Mouca abre os braços e d'um lado o Morto, do outro Sofia, seguram-lhe nas mãos. Aqui está uma manta diz o Velho baixinho. E apresenta um farrapo de manta cossada. Shiu! não precisa.

Com um grito o Pitta viu o Gabiru pendurado n'um ramo. Namorára sempre, depois do escarneo da Mouca aquella Arvore, scismando n'um encontro ethereo para depois da cova. A tisica, nos ultimos dias, quando a morte a tocára, não tirava dos troncos despidos o olhar absorto. Aquella Arvore, dizia aquella Arvore...

Eu sou a Mouca começa ella ás risadas. A minha mãe deitou-me fóra era eu pequenina, e eu, se tivesse uma filha, botava-a á roda p'ra ganhar a vida. Tomaram conta de mim os ladrões, cresci na rua e a minha cama eram as pedras dos portaes... Tomaram conta de mim os ladrões. Vidas! vidas!... Tu não te calarás! Em pequena andei todo um inverno com uma camisa rôta. Até foi bom, agora não sinto o frio.

Na trapeira passava as horas a scismar n'essa rapariga quasi tisica, com um ar de mascara que vae gritar d'afflicção. A Mouca foi amada como as princesas lendarias, e esses amores entre um philosopho esfaimado e uma mulher da vida, tinham não sei que enternecido interesse.

Vem um Velho, que sem falar gargalha toda a noite ao vel-as maltratadas, e o Morto, palido e soturno, com um laivo na cara. Tem as mãos osseas e enormes sempre frias e as mulheres temem-no pela sua crueldade, pelo seu sorriso tragico. Despreza a dor e os gritos. Sente-se que d'elle não ha a esperar piedade. a Mouca se atreve a resistir-lhe.

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