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Conhecem-no os ladrões e os soldados e ellas vendo-o entrar, esgrouviado e triste exclamam: vem o enguiço! A Mouca ás risadas diz: temos o enguiço!... Mas em vão! Elle, com as enormes pernas dobradas, alheado, a penca cahida, sem vêr nem ouvir, pensa n'um amor ideal e monologa baixinho, entre as mulheres, os ladrões e os soldados: «O que eu sonho!

O philosopho a um canto scisma, olhando a Mouca entretida a falar com os soldados: «Tenho muito que te dizer tanto!... e não sei o que te hei-de dizer!... Se me perguntam: Tu que tens? parece-me que acordo e que me puxam para a terra. As arvores levam todo o inverno a sonhar inchadas e um dia acordam desfeitas em sonho.

Peguei e bebi um quarteirão de agua-ardente com lumes. Pensaes que estou arrependida? Ah, se a senhora soubesse o que se sente!... Quando me vieram dizer foi a Mouca que o meu amigo estava com outra, foi como se tornasse a resurgir deante de mim a mãe que eu matei á força de lagrimas, por me vêr na triste vida. Nem podia gritar. Tinham-me seccado os gritos aqui na bocca... Sahi, andei...

O Gabiru, encolhido e triste, põe-se ao seu lado a olhar para a Mouca e vae tecendo o seu sonho. Toda a noite é uma mistura de gritos, de lagrimas e risos. Espancam as mulheres e quando ellas choram, cahidas, tornadas em escarneo, infimas como a terra, todos elles riem, com um anh! de satisfação por as fazerem soffrer.

Está a passar? Shiu! baixinho... Chegam-se mais os ladrões e os soldados e curvam-se em volta da enxerga o Pitta, o Morto, os outros. Nas suas feições crueis, ha espanto e terror. Inda fala? Shiu!... Esperam. E a rala enrouquece, mais aguda, como se a morte fosse apertando mais perto! mais perto!... A Mouca abre os olhos enormes na cara branca e immaterialisada: Menina! menina valha-me!...

De no meio da sala, com a sobrecasaca rôta, amolgado, exclama, não comprehendendo: Mas eu que fiz? eu que fiz?.... Vae rir? vae chorar?.... As gargalhadas redobram ao verem-no espantado e picaro. As boccas más clamam, cheias do gritos. O seu olhar afflicto procura a Mouca e vê-a rir-se tambem.

Mouca, Luiza, Gebo, Golim, pseudonimos. O nome real, o nome verdadeiro de todos elles é um : a Dôr.

De saudade, de sonho, de lodo e piedade, construira uma figurinha offendida e triste, andando no mundo aos tombos, sem pão e sem abrigo. A elle que passára a vida inteira a atear um brazido, cabia-lhe em sorte a Mouca, escarneo de ladrões e de soldados.

Repartem com ella o pão que ganham, e ao vel-a tombada, chorando, ficam afflictas, pois não sabem consolal-a. Mais lhe valia deitar-se a afogar, diz uma. Isto aqui é uma vida de cão. Olhae que ter fome!... Sempre a fome é negra, conclue outra. a Mouca a odeia. Ella que foi sempre a mais maltratada, maltrata agora. Se podesse, pizal-a-hia aos pés.

Deixal-o ter! exclama a Mouca. Envelhecei pobres e vereis! vós vereis!... ameaça a patroa pondo-se de . O quê senhora? Para sempre, traz-se para sempre uma pedra no coração sem se poder arrancar. Então para que nasce a gente? para soffrer? pergunta Sofia. . A este mundo vem-se para soffrer. Ah!... Enganae-os. Tratae do ganho, de juntar, de juntar muito dinheiro. O resto tudo é fingido...

Palavra Do Dia

imperceptivel

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