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Atualizado: 20 de junho de 2025


Mas um dia Soror Gertrudes morreu. Manoela tinha então vinte anos. Era uma criança pela simplicidade do espirito, que ficara ingenuo e ignorante do mal, apesar de tudo, mas era uma verdadeira mulher pela reflexão e pela dôr. Os últimos quatro anos passados naquella casa conventual tinham decorrido num meio sonho vago, que nem chegava a compreender bem.

Alguns dias depois chegava Christina, acompanhada pela Ama-Rita, que chorava de comoção com o pensamento de revêr a sua querida menina. Manoela foi esperá-las á portaria, escondendo a custo a ansiedade da sua alma que tumultuava em desejos loucos de tomar a filha nos braços e gritar bem alto a sua paixão.

Quando Manoela o viu pela primeira vez, perdeu a côr, vacilou e se conteve por um esforço de vontade, que se manifestava nella com a revolta natural contra mais esse golpe do destino. Dahi para diante nunca mais abandonou a tia, assistindo-lhe a todo o martirisante fim, sentindo, por assim dizer, na sua alma todas as dôres que ella ia sofrendo no seu magro corpo esfacelado.

Álêm do amôr humilde da simples camponeza que a criara e a cumulava de carinhos e ternuras na morte, como a rodeara na infancia, nada lhe restava. Christina, muito prática, muito á sua vontade, talhara para si um logar amplo na vida. A última carta do irmão de Manoela pedia-lha em casamento, e a della, que vinha junta, pedia, pró-forma, o consentimento da madrinha.

Então Manoela cahiu num sôno pesado e mau, cheio de sonhos que a faziam chorar e gemer baixinho como quem se sente estrangulado, sem poder gritar, e a que a irmã leiga punha termo chamando-a carinhosamente e abanando-a de leve todas as vezes que a sentia. Era manhã quando a vieram chamar para assistir aos responsos que se iam fazer no côro e para os quais toda a comunidade se preparava.

Quando Manoela entrou para o convento, todas as freiras e recolhidas correram apressadas á grade do côro para conhecerem a nova companheira, de que a superiora, Soror Gertrudes, ha muito anunciara a vinda.

«Soror Manoela e a voz da freira tinha uma entoação grave, que nunca lhe conhecera, como se fôsse o éco apenas duma alma pairando muito alto esse absurdo não deixou remorsos nas almas que se irmanavam e se amavam até ao infinito. Elle morreu sorrindo e perdoando; ella... vive na esperança duma vida melhor, sem que graças a Deus! tivesse sentido ainda a dôr amarga de ter causado o mal alheio.

Quando Madre Angelica levantou os olhos do livro de orações para dar a licença que ella lhe pedia á porta, foi com o assombro que causa uma grande mudança numa pessôa querida, porque a propria voz da recolhida era outra um novo timbre de alegria a fazia desconhecivel. «O que é, Soror Manoela?!... Alguma novidade por baixo?

Manoela sorriu: era a sua vingança, uma como rehabilitação do seu sangue, da sua propria carne expulsa outróra como coisa imunda da casa e da familia. Era a vida omnipotente readquirindo os seus direitos, a natureza triunfando dos preconceitos, que desprezava as convenções e entrava como senhora donde fôra expulsa como réproba.

E, chamando a Ama, que dava uma certa ordem ao quarto, respeitando a sua meditação, Manoela pediu a escrevaninha portatil que estava sobre a mêsa de cabeceira, pegou num papel e ia a escrever... Depois suspendeu-se, sorriu com amargura, e pôs a penna de parte. O que ia fazer com essa declaração a juntar ao testamento?!

Palavra Do Dia

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