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Atualizado: 20 de junho de 2025


Manoela tinha os olhos rasos de lagrimas ao pensar na pobre rapariga, talvez tisica, que tinha sido sua companheira de infancia, dessa breve infancia que lhe vinha, numa lufada , evocada por essa mal redigida carta de camponia. Era um pedaço da sua rude terra, que a urze e o rosmaninho incensavam.

Sorria dolorosamente quando uma picada mais aguda a fazia levar a mão ao seio esquerdo, num gesto mecânico, quasi involuntario. Manoela sobresaltou-se quando as dôres começaram a sêr mais amiudadas, lembrando-se da terrivel molestia que de quando em quando assaltava a sua familia paterna. A tia socegava-a: era um nascido que tinha havia muitos anos, não seria coisa de morte...

O convento ia-se despovoando a pouco e pouco, como que tornando-se maior, á medida que as vélhinhas, uma a uma, iam sahindo, para não mais voltar, a tomar o seu modesto logar no cemiterio público. Manoela era agora a cabeça que por todos pensava, a alma e a energia que sustentava aquelle resto de vida conventual, dando-lhe uma aparencia de cohesão, que não tinha.

Manoela, abrindo os olhos no meio sôno em que ficara embebida, viu os pés da morta calçados com as sandalias da ordem, magros e compridos, atados com uma fita para não descahirem; e, mergulhando de novo em letargo, sonhou que esses pés caminhavam por sobre o seu corpo desfeito e lhe batiam com força no coração.

Tambem ella sofria com a dôr da sua pupila; tambem dos seus olhos, que deveriam estar esgotados, por tanto terem chorado, cahiram lagrimas que Manoela recolheu no coração angustiado. Soror Angelica abriu-lhe os braços, e por largo tempo ficaram chorando juntas o desespero dessa primeira desinteligencia em tantos anos de confiada e dôce amizade.

Mas a resposta não podia sêr mais cruelmente aniquiladora: o namorado de Manoela tinha casado, pouco tempo antes, com uma prima muito rica, e nunca mais pensara na criança que ia começar a expiação duma culpa que era delle. Não havia pois maneira de legalisar ao pequenino ente que vivia da vida da infeliz mãe, a entrada no mundo e na familia.

Mas Soror Angelica era um espirito mais varonil e energico, e, se dava amizade segura e protéção incondicional, não tinha como a tia de Manoela os carinhos e as delicadezas dum espirito que tinha ficado menineiro apesar da esterilidade duma vida sem familia propria. A nova superiora era respeitada por todas; a antiga tinha sido amada e era chorada como uma bôa mãe.

Manoela ficara, muito nova, sem pai, e por isso quasi inteiramente abandonada a si mesma, visto que a mãe, duma devoção estreita e dum caráter frio e áspero, entregava-se por completo á prática das suas muitas rezas e orações e deixava os filhos em plena liberdade.

«Tenha resignação, Soror Manoela; aprenda no exemplo dado pelo nosso Salvador: olhe para a sua santa imagem, coberta de chagas e coroada de espinhos! E tudo quanto sofreu, inocente e bom, foi para remir o mundo, para salvar aquelles que o flagelavam. «Tem razão... terá razão soluçou Manoela, humilhada.

Por menos que Manoela soubesse das leis que governam os homens, sabia o bastante, pelas relações mundanas entretidas entre o convento e a sociedade, para conhecer o direito que a tornava senhora da sua pessôa e da sua fortuna. «Revoltar-se, Soror Manoela, cuida que isso lhe daria felicidade?!... Santo Deus! Os pais representam na terra a autoridade divina.

Palavra Do Dia

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