Vietnam or Thailand ? Vote for the TOP Country of the Week !

Atualizado: 11 de julho de 2025


Todo em gestos litúrgicos, mui lentos, punha rosas a abrir na grenha imunda, perfumava as mãos com madre-silvas, e passava-as nas fontes, extasiado. De quando em quando descaía os braços, descansava assim alguns instantes, e na cara sugada, pele e osso, os olhos puros riam, muito calmos, numa beatitude transcendente.

Era decerto o pasmo que a gelava, porque não saiu da treva uma palavra. Eu continuei numa emoção crescente em que vibrava a ânsia de a soltar: Vai ser livre, livre como outrora. Acorde as suas asas esquecidas. Diga adeus a essa gaiola imunda. Olhe mesmo daí: que encanto de hora! A noite arqueia ao pêso das estrelas... Uma palavra sua e abro-lhe a porta. Não duvide. Sou forte.

A gaiola está sórdida, está imunda. Antes estivesse empalhada num museu, ou no quarto de trabalho de um zoólogo, sócio da Academia, homem de estudo, que ao voltar da rua ou da glória, lhe pendurasse do bico o chapéu alto. Coitada! Coitada! E notei com um calafrio, que pronunciara alto êste «coitada», com uma voz que a mim mesmo surpreendeu pela inflexão perturbante de quinto acto. Olhei a águia.

Manoela sorriu: era a sua vingança, uma como rehabilitação do seu sangue, da sua propria carne expulsa outróra como coisa imunda da casa e da familia. Era a vida omnipotente readquirindo os seus direitos, a natureza triunfando dos preconceitos, que desprezava as convenções e entrava como senhora donde fôra expulsa como réproba.

Sentiu-se trapo, lôdo, coisa imunda. Teve mesmo prazer em deprimir-se; rolou-se na humilhação quási com gôzo, como outros na glória ou na luxúria, e arrancou do seu misérrimo grotesco, da sua covardia tão cuspida, êste consôlo cristão para aureolar-se: Sou uma vítima, uma vítima do Amor e do Destino! Tinha ainda na cara as bofetadas, ouvia ainda a voz boçal do caixeirola: « basta.

Palavra Do Dia

derretendo

Outros Procurando