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Atualizado: 4 de junho de 2025


Do alto da Torre Redonda a semnothêa viu vogar para a ilha uma barca de couro; o coração bateu-lhe agitadamente, sem se atrever a conjecturar o que teria succedido. Mais proximo a barca, reconheceu a figura de Viriatho. Desceu subitamente para ir esperal-o á lingueta de areia. Não se imagina a eloquencia da mudez de Viriatho e Lisia, quando se deram as mãos e assim ficaram por alguns momentos.

As almas sempre estiveram identificadas pela mesma aspiração, pelo mesmo soffrimento, e agora por uma simultanea alegria. E mirando Lisia com interesse e carinho para vêr como bem lhe ficava o Cinto de ouro, dizia em voz que ella entendia: Mal sabes a significação d'este Cinto? Lisia ficou attenta para ouvir contar a batalha em que fôra tomado como despojo ao general romano.

Os nossos filhos nunca serão escravos. Viriatho, lançando-lhe o braço em volta da cinta delicada, e em attitude reverente: Cumpri a condição que me exigiste: a imposição da Paz a Roma. Agora és minha esposa. Para a vida e para a morte! volveu Lisia, como se alli mesmo se consorciasse com o guerreiro á face do céo.

E pegando em Lisia pela mão, conduziu-a para Viriatho, como desligando-a da religião domestica, e entregando-lh'a para que a iniciasse em um novo culto da familia a que de ora em diante pertencia.

As nove donzellas que acompanhavam Lisia como uma fórma não organisada do Vestalato, mas que poderiam ser comparadas ás Senae ou Barrigenes gaulezas, cantaram um hymno de amor, ao som de tetracordes, sobre a phrase que Viriatho e Lisia tinham trocado: Para sempre no espaço A estrella Erma, bella, Fulgor vivo derrama: De paixão nunca lasso, O que fará quem ama?

Passaram-se esses terriveis acontecimentos, que deixarão inolvidavel o anno de DCXIV; Lisia, sómente ignorava no seu retiro em Vacca a sorte da campanha, e nem suspeitava a morte de seu esposo. Mas a demora de Viriatho, a falta de novas, o silencio de todos em volta d'ella, o ár de ternura com que illudiam as perguntas que fazia aos que passavam, lançaram Lisia em uma melancholia deprimente.

Viriatho comprehendeu o vislumbre de tristeza que obumbrou o semblante de Lisia, e accudindo á hesitação involuntaria de que não se apercebera, levou a taça de ouro aos labios: Á tua saude! e para sempre. Entrega em seguida a taça a Lisia, que com um rubor fascinante a levou aos labios, como completando a cerimonia tradicional esponsalicia, murmurando com suavidade: Para sempre!

Viriatho entregou o Tratado ao ultimo dos Druidas Idevor, que leu a clausula: Haverá paz entre o Povo romano e Viriatho. Lisia, lançando os braços em volta de Viriatho, exclamava: Temos uma Patria livre! A Lusitania é independente! E beijando com candura as faces crestadas e as mãos de Viriatho, continuou como se estivesse fallando em sonho: se póde constituir familia em uma Patria livre.

Os Soldurios não fizeram reparo do que dizia a pobre mulher, que lavava á beira do rio; continuou murmurando: Elle não morrerá em batalha, isso é bem certo! Lisia ficará sempre noiva. Em breve os cavalleiros se afastaram da margem e precipitaram a carreira, seguindo Viriatho na frente, com a impaciencia de ir defrontar-se com o perigo.

Os dois esposos olharam-se com ternura; os canticos das donzellas que acompanhavam Lisia resoavam com a magestade de um sacramento, e n'aquelle dia entre festas, banquete e recitação de poemas, passou-se a primeira parte do cerimonial consuetudinario do casamento.

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