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Mas, lembrou o Gonçallinho, ella ouviu dizer o teu appellido sem dar o menor indicio de conhecer-te. Ora! isso é da tabella, tolinho! Então ella havia de mostrar ao brazileiro que conhecia alguem n'este mundo além do seu querido Araujo? Que tinha isso? insistiu o Jervis. Pois as mulheres, por mais honestas que sejam, estão inhibidas de reconhecer um homem que era das relações da sua familia?

Como o mais novo de todos era o Gonçallinho Jervis, em cujo espirito bailavam ainda pagens e castellãs n'uma chorea medieval, e em cujo coração ardiam fogos de poetico platonismo, mettemol-o á galhofa convidando-o a procurar na serra de Cintra um cabello da barba que Bernardim Ribeiro haveria arrepellado ao vêr partir a frota com a infanta D. Beatriz.

Que de mais a mais o Maldonado não era baldo de gosto litterario: conhecia os poetas gregos, lia muito Theócrito. Que, finalmente, contasse alguma coisa obrigada a Theócrito. Muito instado, cedeu. Pois ahi vae um caso, offerecido ao Leotte. Oh! Uma lição de moralidade para quando elle fôr avô. Que genero? Genero realista. Eu, infelizmente, não tenho a imaginação do nosso Gonçallinho.

Esta fabula, copiada dos poetas pagãos, fazia trasbordar de poesia a alma do Gonçallinho Jervis, que julgava ouvir na voz do rouxinol toda a colera tragica da princeza Filomena, a qual princeza, convertida em ave canora, parecia vingar-se eternamente da falta que no seu tempo lhe fizera a lingua, cortada pelo cunhado.

Imaginavas então que uma tão poetica ave principiava a amar logo depois das ave-marias, como um caixeiro que fecha a loja e vae metter-se n'uma escada a gargarejar para defronte! Tem juizo, Gonçallinho. Para irmos a Collares ouvir os rouxinoes, precisavamos ter prevenido os trens. Deixa isso para ámanhã, e vamos á historia do Muxagata. Assim foi resolvido por unanimidade... menos um.

O Gonçallinho Jervis estava visivelmente entregue a dois pensamentos: um, que dissimulava; outro, que manifestava com vehemencia. O primeiro adivinhava-lh'o eu: era um intimo desgosto de não ter sido elle que surprehendesse o romance. O segundo inspirava-lhe indignadas apostrophes contra a mãe descaroavel que abandonára a sua propria filha á miseria, talvez á deshonra. Ah!

Onde querias tu metter mais gente, ó Gonçallinho?! Que é ? respondia elle do alto da almofada. Vaes a fazer versos? Ainda não. Mas planeei um conto. Este ar de primavera é deliciosamente suggestivo. Vocês verão que a minha ideia não é de todo . Chamar-se-ha A primeira entrevista. Has de contal-a em Cintra, gritei eu.

E da filha o que foi feito? perguntou sentimentalmente o Gonçallinho. Tambem não sei. Se viver deve ter agora os seus dezenove annos. Como era o nome todo do Muxagata? Nunca lh'o soube. Por morgado de Muxagata era que toda a gente o tratava. Então, se não vamos ainda hoje ouvir os rouxinoes, tambem eu quero contar o meu conto, disse o Gonçallinho Jervis. Sim, senhor, concordou o Vasconcellos.

O que se faria? Por onde se começaria? Os fumos capitosos do almôço accenderam brios quixotescos no espirito da maioria dos nove. A burro e á Pena! era o grito do Vasconcellos, reforçado por mais cinco ou seis vozes. Mas isso é a semsaboria de toda a gente! disse o Gonçallinho. Ó meu tolo! replicou com vivacidade o Vasconcellos. Querias talvez fazer versos com o estomago cheio de biffes!

Ha algum deputado que conheça o circulo! Mas é que o Pessanha tem casa em Villa Verde. N'esse caso deve dinheiro ao Araujo e dirá o que lhe fizer conta. Qual historia! Se lhe deve dinheiro, diz tudo. O Gonçallinho Jervis lembrou a phrase cardumes de rouxinoes. Outro, não sei qual, recordou-se do tico, tico.

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