Vietnam or Thailand ? Vote for the TOP Country of the Week !

Atualizado: 26 de junho de 2025


Mas era certo tambem que nenhum de nós, com excepção do Gonçallinho Jervis, estava n'esse periodo agudo de romanticismo, que exalta allucinadamente a imaginação. Parariamos de boa vontade para ouvir um rouxinol, que nos houvesse surprehendido no caminho. Mas ser-nos-ia pesado qualquer incommodo que, a não ser por surpresa, isso nos pudesse custar.

Pois não viemos nós para os ouvir? Nós viemos para gosar a liberdade que não temos habitualmente, e a alegria que principia talvez a fugir-nos. Viemos tomar um banho de oxygeneo. Elle é bem mau! Que vão vocês a dizer? perguntou da almofada o Gonçallinho. Foi o Vasconcellos que fez uma proposta para supprimirmos do nosso programma os rouxinoes. Não! nunca! protestou o Gonçallinho.

O Gonçallinho Jervis, felizmente para elle, amava tanto os rouxinoes como poeta que era, que até sabia a lenda mythologica d'aquella princeza que por suas desventuras fôra convertida em philomela, nome que os antigos deram ao rouxinol. Eu tinha uma vaga ideia d'essa lenda pagã por a haver lido na Arte da caça da altenaria, composta por Diogo Fernandes Ferreira.

Mas a verdade era que, afastada a questão de assumpto, o Gonçallinho Jervis lográra dar á sua narrativa uma forma litteraria, que revelava um escriptor. Do Leotte sabia o Vasconcellos que não viriam phantasias, fabulações romanticas; que, pelo contrario, quando o Leotte falasse, seriam assumpto obrigado as mulheres.

O Gonçallinho Jervis, que tambem era amigo do conde, havia-se levantado, emquanto o Leotte falava, e encostára-se ao vão de uma janella olhando para fóra. Démos por isso. O que estás tu ahi fazendo? Que bello luar! exclamou elle. Que bella noite de primavera para irmos ouvir os rouxinoes! Não seja piegas, atalhou o Vasconcellos. Que bella hora para a gente ir deitar-se!...

Era ella, a mesma Christina da rua das Fontainhas, a bella lamecense raptada pelo Muxagata, com os dedos cheios de anneis e as mãos dealbadas de de arroz. O Gonçallinho Jervis estava tão encantado com esta surpresa, que me parecia ter ciumes de que fosse eu e não elle que, por um acaso notavel, encontrasse um verdadeiro assumpto de romance. Ah! ingenuo Gonçallinho!

Pois sim, respondeu o Gonçallinho, morto, como todos os novatos, por divulgar as suas composições. Em Cintra, alvitrou o Vasconcellos, sempre o mais auctoritario de todos, cada um de nós ha de contar á noite uma historia. feito? Menos eu, protestou o Athayde, que era empregado na Junta de Credito Publico. Eu estou habituado a contar... contos de réis. Isso é modestia. Não péga.

E affirmava o Vasconcellos que tinha visto as figuras do Tejo e Douro dizerem-nos adeus de dentro do Passeio, muito rapioqueiras. Nunca, dizia o Leotte, nunca se fez uma partie de plaisir tão honesta. Nove homens... apenas! Querias mais! replicava o Vasconcellos fazendo-se desentendido. Não cabiam . Olha o pobre Gonçallinho, o nosso doce pagem, que teve de ir na almofada ao do cocheiro.

Onde estará o groom da tua ballada, ó Gonçallinho? perguntou o Leotte. Nos intermundios de Epicuro... respondeu o Athayde. Em cascos de rolhas... commentou o Vasconcellos.

Parece-me que architectei outro conto. O que é então? A morte do bibliophilo. Vejam vocês, disse o Vasconcellos, o que são os poetas portuguezes. Vae aqui um rapaz, na flôr dos annos, cheio de imaginação, em caminho de Cintra, a pensar na morte da bezerra ou do bibliophilo, que o leve! Rimos todos. E o proprio Gonçallinho, que ouviu o reparo, desatou a rir na almofada.

Palavra Do Dia

arreiaõ

Outros Procurando