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Porque ha d'assentar Que se não for com pão quente, Não ha de desaferrar. Ora hi pelo que vos mando, Villão feito de fermento. Sahe Vilardo. Triste do que vive amando Sem ter outro mantimento, Qu'estar phantasiando! hũa cousa me desculpa Deste cuidado que sigo, Ser de tamanho perigo, Que cuido que a mesma culpa Me fica sendo castigo. Vem o moço, e assenta-se na cadeira Filodemo e diz avante

No caso não ha dúvida, porque o pastor que hi achastes, lhe certificou todo o caso; e fez ao pastor muitas mercês, e mandou fazer muitas festas solemnes. Venadoro, casado com sua mulher e prima, e Filodemo, que o mesmo parentesco tẽe com a Senhora Dionysa, estão fóra de crer tamanho contentamento; cuido que zombão delle.

E como as crianças fossem destinadas ao que vêdes, não faltou hum pastor que as criasse, que alli veio ter, dando a mãe a alma a Deos: de maneira que, por não gastar mais palavras, o macho he vosso amigo Filodemo, e a femia he a serrana Florimena, mulher que he ja de Venadoro. Estranhas cousas me contais.

Crescidas, emfim, as crianças debaixo da humanidade e criação daquelle pastor, o macho que Filodemo se chamou á vontade de quem os baptizára, levado da natural inclinação, deixando o campo, se foi para a cidade, aonde por musico e discreto, valeo muito em casa de D. Lusidardo, irmão de seu Pae, a quem muitos annos servio sem saber o parentesco que entre ambos havia.

Sahe. FILODEMO, cantando. Adó sube el pensamiento, Seria una gloria inmensa Si allá fuese quien lo piensa. Falla. Qual espirito divino Me fará a mi sabedor Deste meu mal, se he amor, Se por dita desatino? Se he amor, diga-me qual Póde ser seu fundamento, Ou qual he seu natural, Ou porque empregou tão mal Hum tão alto pensamento.

Ora deixa-me ir a ver o rosto a esse velhaco de Filodemo; pois de meu matalote se me tornou Senhor. Creio que vem o Senhor Dom Lusidardo: dissimulemos. Dom Lusidardo com Venadoro, que traz Florimena pela mão, e Filodemo a Dionysa. Quem não ficará pasmado De ver que por tal caminho Tẽe a Ventura ordenado Filodemo, meu criado, Vir ser meu genro e sobrinho!

Pois sabeis, Senhor Filodemo, quaes são os que me mátão?

Dom Lusidardo, o Monteiro e Filodemo. Oh Santo Deos verdadeiro, A quem o mundo obedece! Meu filho não apparece. E que me dizeis, Monteiro? Digo-lhe que m' entristece. Qu'eu corri por esses montes, Bem quinze leguas, ou mais, E busquei polos casais, Por serras, montes e fontes, Sem ver novas, nem sinais.

De Filodemo A Dionysa vossa ama. Dizei, que tome outra dama, E os amores ao démo. Não andemos pola rama. Grandes alforges sois vós! Pois hi-lhe dizer que appelle. Fallae, que aqui 'stamos sós. Qualquer honesta se abala, Como sabe que he querida. Ella he por elle perdida: Nunca n'outra cousa falla. Ora vou-lhe dar a vida. E eu não lhe disse ja Quanta affeição lh'ella tem?

Vilardo e Filodemo. O Senhor Dom Lusidardo Dorme com todo o convento; E elle com o pensamento Quer estar fazendo alardo De castellinhos de vento! Pois tão cedo se vestio, Com seu damno se conforme, Pezar de quem me pario; Que ainda o sol não sahio: Se vem á mão, tambem dorme. Elle quer-se levantar Assi pela manhãzinha! Pois quero-o desenganar: Nem por muito madrugar Amanhece mais asinha.