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Atualizado: 27 de outubro de 2025


Elysa, eu amo muito esta formosa terra! Depois de ti, da minha lyra... não, não quero que Coimbra seja o terceiro affecto do meu coração, mas quero querer-lhe bem, porque é um querer que ella merece.

O que é admiravel, Elysa, é que na mesma epocha em que se dizia em França que a mulher não tinha alma, appareceram Isabel de Baviera e Joanna d'Arc: aquella entregou a França á Inglaterra para mostrar o poder d'uma mulher; esta deu de novo a patria aos philosophos para mostrar a generosidade feminina; foi Deos que se encarregou de as desafrontar.

Embora te diga que não ha mulher, nem houve, pura e fiel, não é cousa em que elle creia; o poeta é todo coração; coração de poeta, se não amasse, morria-lhe no peito, e amar sem crer na mulher é impossivel. Não sei se Milton disse mal das mulheres, o que sei é que elle casou tres vezes. Elysa, poetas são outra casta de gente que não são os philosophos.

E que tu foste quem me fizeste renegado, que a ti devo a minha nova crença, quero que seja o teu livro, Elysa, o campo onde levante pendão pelo teu sexo; mas antes d'isso consente que eu desculpe alguma cousa o meu erro; não se póde assim deixar um velho defeito sem ter ao menos duas palavras para lhe diminuir o feio, para lhe minorar a imputação.

Em toda a parte em que o teu sexo, Elysa, não occupa o logar que lhe a natureza marcou, ahi os povos são escravos, a ignorancia é profunda, e os costumes são barbaros.

Elysa, será um erro, uma superstição talvez; mas eu creio que todo o pensamento nobre, grande, generoso, sublime, que tem brotado da cabeça do homem, numa d'estas duas horas é que foi concebido.

Elysa! é com este nome que me apraz escrever-te, porque uma imprudencia, um acaso natural da minha vida de mancebo podia revelar com o manuscripto a palavra sacramental do meu segredo: o véo, que é demasiado diaphano aos meus olhos, será impenetravel aos de estranhos, e para ti é uma prova do meu egoismo ou soffreguidão, que te agradará.

Que de cousas doidas, Elysa, não tenho tambem eu dicto e escripto para ahi a respeito das mulheres?! mas agora cuido que d'esse mal estou curado e desculpado não tinha encontrado uma Elysa: e a quem a não encontra que lhe digam que andam anjos na terra? não o acredita.

Elysa, é tempo de pedir a Coimbra uma casa, á casa um leito, ao leito um somno, ao somno a tua imagem. Como o teu livro, Elysa, é fructo das horas roubadas ao remanso, e talvez ao estudo, nesta bem-aventurada Coimbra, quero fallar-te de Coimbra!

Agora, Elysa, que te paguei as primicias do livro, não como senhora d'elle, mas como senhora da alma que o dicta e da mão que o escreve; agora que te defini o meu amor, que mil vezes ainda será aqui definido, e que nunca o virá a ser ao cabo; agora que tu chegaste, de certo, á janella do teu quarto, e te embeveceste nos encantos da noite a recordar-te dos meus versos, deixa que me volte para a minha lyra.

Palavra Do Dia

beirão

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