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Uma rapariga nova... Diz que o senhor parocho é ainda novo... Vossa senhoria sabe o que são linguas do mundo. O conego tinha parado: Ora historias! Então o padre Joaquim não vive debaixo das mesmas telhas com a afilhada da mãi? E o conego Pedroso não vive com a cunhada, e uma irmã da cunhada, que é uma rapariga de dezenove annos? Ora essa! Eu dizia... attenuou o coadjutor.

Com a inclinação do sol a agua perdia a sua claridade espelhada, estendiam-se as sombras dos arcos da ponte. Do lado das colinas ia subindo um crepusculo esfumado, e as nuvens côr de sanguinea e côr de laranja que annunciam o calor faziam, sobre os lados do mar, uma decoração muito rica. Bonita tarde! disse o coadjutor.

Predizia-lhe com emphase um destino feliz, uma conesia decerto, talvez a gloria d'um bispado! E um dia, emfim, mostrou com satisfação ao coadjutor da , creatura servil e calada, uma carta que recebera de Lisboa de Amaro Vieira. Era uma tarde de agosto e passeavam ambos para os lados da Ponte Nova.

O coadjutor escutava com a taciturnidade da inveja. Eu bem sei, disse o conego parando de novo e tirando lentamente as palavras, eu bem sei que por ahi rosnam, rosnam... Pois é uma grandissima calumnia! O que é, é que eu tenho muito apêgo áquella gente. o tinha em tempo do marido. Vossê bem o sabe, Mendes. O coadjutor teve um gesto affirmativo.

O coadjutor recahiu no silencio, começando logo a colligir laboriosamente as palavras para uma nova pergunta. Soltou-a emfim, com lentidão: Não se tornou a saber d'aquelle infame que escreveu o Communicado? Não senhor, foi para o Brazil.

Não estaria mais separado de toda a communicação humana, se como Santo Antonio vivesse nos areaes do deserto libyco. o coadjutor que, coisa singular, nunca lhe apparecia nos tempos felizes, voltára agora, como o companheiro fatidico das horas tristes, a visital-o uma, duas vezes por semana, ao fim do jantar, mais magro, mais chupado, mais soturno, com o seu eterno guardachuva na mão.

Ás vezes o coadjutor, que nunca o visitára na rua da Misericordia, apparecia ao fim do jantar: sentava-se arredado da mesa, e ficava calado, com o seu guardachuva entre os joelhos. Depois, julgando agradar ao parocho, repetia, invariavelmente: Vossa senhoria aqui está melhor, sempre é estar em sua casa. Está claro... rosnava Amaro.

Todos os demais personagens, alguns d'elles apenas indicados por quatro palavras, que têem o poder de uma evocação, o conego Dias, o padre Natario, o padre Brito, o chantre, o coadjutor, o Libaninho, o tio Esguelha, o escrevente, o redactor da Voz do Districto, as senhoras Gançosos, a sr.ª D. Maria da Assumpção, a Joanneira, vivem, têem uma physionomia, uma personalidade.

Imagine vossê que desde que o secretario geral se foi embora a pobre da mulher tem tido a casa vazia: eu é que tenho dado para a panella, Mendes! Que ella tem uma fazendita, considerou o coadjutor. Uma nesga de terra, meu rico senhor, uma nesga de terra! E depois as decimas, os jornaes! Por isso digo eu, o parocho é uma mina.

Houve um pequeno silencio. O coadjutor disse, baixando a voz: Sim, vossa senhoria faz muito bem á S. Joanneira... Faço o que posso, meu caro amigo, faço o que posso, disse o conego. E com uma entonação terna, risonhamente paternal: que ella é merecedora, é merecedora. Boa até alli, meu amigo!

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