United States or Afghanistan ? Vote for the TOP Country of the Week !


Resolveu-se o duque a ordenar a Aurelio de Miranda, tabellião de notas, fosse ao campo de Santa Anna, perto da egreja, e alli esperasse recado d'elle duque; o qual deixando Augusto Nunes no seu coche, mandou dizer á prelada que quizesse fallar-lhe; e, vindo a prelada, lhe disse que tinha que fallar com Catharina Arrais, e sua mercê lh'a mandasse á grade. Assim fez.

Foi D. Anna, que era destra, inquirindo a môça, até que esta lhe manifestou sua desgraça, e disse que se chamava Chatharina Arrais; e, galanteando-a Manoel Arrais seu primo em Coimbra, viera para Lisboa com animo de casar com elle; e que, morando em umas cazas com o dito seu primo, a foram furtar uma noite Agostinho Nunes e Henrique Henriques, e a levaram ao paço, e pernoitou na camara de el-rei: que seu primo morrera de magua em Coimbra, e ella fôra para casa de Agostinho Nunes, onde se achava, e fôra obrigada a dizer, quando desse á luz, que a creança era filha d'el-rei; e sobre isso lhe fizeram grandes tyrannias até chegar el-rei a cortar-lhe os cabellos.

Encarregou o valido Henrique Henriques de indagar quem fosse a galante menina. Descobriu-se que era Catharina Arrais, natural de Coimbra, donde fugira com seu primo, Manoel Arrais, estudante, a fim de se casarem em Lisboa, logo que obtivessem dispensa de parentesco e remoção de outros impedimentos canonicos attinentes ás fragilidades da sua céga paixão.

Oh valentes da India, do oceano, Roncadores de féros no mar, Cuja espada, porém, faiscar Não sabe inda do mouro no arnez, Mostrar vinde o valor sobre-humano Neste clima de sol mirrador! Aqui fama se compra com dor: Facil gloria esquecei uma vez. As galés do arrais mouro são fortes; Sua chusma berbers do Takrur; Como o vosso rei indio, Badur, Não ha-de elle acabar á traição.

Disse mais D. Anna Saraiva que D. Catharina Arrais estava freira em Santa Anna, e que ella lhe fallara, e estava resolvida a vingar-se, declarando a verdade. Chamou o duque a Agostinho Nunes e em presença de Duarte Ribeiro foi inquirido e disse a verdade.

Sabido isto, e a residencia dos profugos amantes, estava sabido tudo. Manoel Arrais foi preso e conduzido a Coimbra. Catharina, na noite d'esse dia, foi assaltada no seu esconderijo por um tal Agostinho Nunes e por Henrique Henriques de Miranda que a levaram ao rei. Dois annos depois, Catharina Arrais era freira em Santa Anna, e Manoel Arrais era fallecido de dôr.

Vivia D. Marianna de Portugal fóra de portas, quando D. Miguel a viu. Sua sexta avó D. Catharina Arrais soprara a mesma lavareda no peito de Affonso VI. Mas o real amante, graças á brandura de costumes d'este seculo, não a tosquiou, antes lhe beijou as tranças, e se deixou encadear por ellas.

Voltou a neta de D. Catharina Arrais a equipar sege e lacaios; mas, em 1838, o desembargador, aquelle Merlin cupidineo, levou comsigo para o inferno dos desembargadores a lanterna milagrosa que fazia prodigios de ouro á volta de Marianna. Recorreu a mãe de Maria José ao expediente da hospedaria.