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Meu caro Basto, releva ao teu amigo de dezeseis annos o vir elle dizer dos teus infortunios em face d'uma gente que os ha de lêr por ser isto em folhetim e ageitado á guisa de romance. Quando entrei n'esta vida dolorosa das letras, achei-me comtigo. Encontrei-te n'este tormento de Sisypho e ahi te vejo ainda agora a rolar o penedo. Se ás vezes paras um instante na ladeira, é para contemplares como a estupidez e a infamia trazem avassallados os fiscaes da republica, e como elles galgam arreiados de placas e fitas, em quanto tu vaes descendo á margem do rio da morte, olhando em ti, e antevendo próximo o dia em que não terás um pão para repartir com tua familia. Ha trinta annos que esperas e trabalhas por affecto á patria e por forçada violencia de operario d'esta galé. Deves ter desmaios de angustia quando em ti reparas e não vês homem que possa dizer-te: «Soffri e lidei tanto como tu, e recebi dos governos do meu paiz a retribuição de igual desprezo». Lucta, meu amigo; e, quando mais não puderes, vinga-te morrendo como o soldado do padre Vieira, e vai saber nos segredos da divina Providencia que mal devias fazer

Sisypho, não t'espantes deste alento, Que ás costas o subi do soffrimento. Dest'arte o summo bem se m'offerece Ao faminto desejo, porque sinta A perda de perdê-lo mais penosa.

Oh bem affortunado Tu, que alcançaste com lyra toante, Orphêo, ser escutado Do fero Rhadamante, E co'os teus olhos ver a doce amante! As infernaes figuras Moveste com teu canto docemente; As tres Furias escuras, Implacaveis á gente, Applacadas se vírão derepente. Ficou como pasmado Todo o Estygio Reino co'o teu canto; E quasi descansado De seu eterno pranto, Cessou de alçar Sisypho o grave canto.

Palavra Do Dia

líbia

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