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N'esta confiança que El-Rei D. Affonso tomou de tudo assi acabar, partiu no Novembro mui alegre, e com muita aspereza de neves e frios incomportaveis chegou a Camansam e Almansa, lugares mais acerca do arraial do duque, d'onde El-Rei por terra regellada e toda cuberta de neve se foi vêr com o duque, e viram-se e abraçaram-se ambos a sobre o meio de um grande rio todo tão regellado, que por elle seguramente passavam bestas e carretas como por uma forte ponte, e d'alli se tornaram ao arrayal do duque, que hi perto estava, onde o duque sobre as cousas com que logo soube que El-Rei a elle ia, lhe disse que elle Rei de Portugal era entrado com um homem, em que não havia virtude nem verdade, dizendo-o por El-Rei de França, e que para o crêr não quizesse logo outra prova, se não que tendo enviado a elle que no mundo era tal e tão excellente Rei, e com requerimentos e mostranças de tanta paz, amor, e liança, logo após elle mandara muita gente d'armas em ajuda do duque de Lorreina seu inimigo e para contra elle.

Especialmente que pela liança e amizade que o Infante seu padre com o Condestabre e Mestre d'Alcantara de Castella tinha feita, podia com entrada de gentes estranhas fazer a este reino muito dano, pelo qual acordou El-Rei de enviar sobr'elle, que estava então na Villa de Fronteira, D. Sancho, conde de Odemira como fronteiro mór.

E ao tempo que este Rei Dom Sancho começou de Reinar em Portugal, governava os Reinos de Castella, e de Lião sua tia, a Rainha Dona Biringela, molher que foi del-Rei Dom Affonso de Lião, com El-Rei Dom Fernando seu filho, a qual era tia deste Rei Dom Sancho, irmã da Rainha Dona Orraca sua madre, e porque a Rainha Dona Biringela, a que este Rei Dom Sancho ficou encomendado, era Princeza de mui singulares virtudes e Reaes perfeições, e muita prudenia, doendo-se da governança de Portugal, e de uma evidente sua perdição, a que decrinava, ella muitas vezes enviou a conselhar a seu sobrinho assi bem, e verdadeiramente como a elle, e ao Reino compria, e principalmente pera fundamento de sua maior liança de o querer cazar, como seu Estado, e dinidade Real requeria.

Mas por mais enfraquentar seu partido, tirou logo de sua liança o marechal, e Martin Vaz da Cunha, e João de Gouvêa, que eram fidalgos da Beira, e os levou comsigo. De como veiu a El-Rei embaixada de Castella, e como foi recebida

Liança do Infante D. Pedro com o Condestabre e Mestre d'Alcantara de Castella, contra os Infantes d'Aragão, e das ajudas que lhe deu E para melhor entendimento d'este passo é de saber, que no tempo que El-Rei D. João o segundo reinava em Castella, era Condestabre este D. Alvaro de Luna, homem abastado de saber e malicia, com pouco temor de Deus.

Era pôr isto em grande odio a elles, que com suas forças procuravam em todo sua destruição, os quaes Condestabre e Mestre d'Alcantara, por ambos serem tocados de uma necessidade e temor, ambos entre si e suas terras e gentes tomaram uma liança e remedio para o resistir como o fazíam, e sentindo assi isto o Infante D. Pedro, por enfraquentar o poder dos Infantes, enviou por seus messegeiros secretos offerecer contra elles o favor e ajudas d'estes reinos ao Condestabre e Mestre.

D'estas mudanças foi o Regente algum tanto sabedor; mas confiando na concordia que entre elles era feita, e por não mostrar que com achaques a rompia, não quiz sobre uma cousa nem outra fazer novas alterações; e porém elle não era em certo sabedor que a Rainha se queria partir para o Crato. Como o conde de Barcellos fez liança com os Infantes d'Aragão, e como foi por isso muito prasmado

El-Rei em partindo avisou o escudeiro, que até não ser no mar não dissese nada do caso, por não commover a choro e tristeza os senhores que em sua companhia tinha ordenados, que eram o conde de Guimarães, e D. João seu irmão, o conde de Monsanto, o conde da Atouguia, o Prior do Crato, e muitos outros do conselho, e gentis homens fidalgos de sua casa, com os quaes El-Rei passou a Gibaltar, onde El-Rei de Portugal e El-Rei de Castella tiveram suas praticas e concordias, cuja sustancia foi requerer El-Rei D. Anrique liança a El Rei D. Affonso, para contra os grandes de Castella, que com desleal alevantamento d'El-Rei D. Affonso o moço seu meio irmão lhe queriam desobedecer, e que para ter mais razão de o ajudar, queria que a Infante D. Isabel sua irmã casasse com El-Rei D. Affonso; e D. Joanna que então era havida por sua filha, e jurada por Princeza de Castella, casasse com D. João Principe de Portugal.

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