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Concertou com o confessor d'el-rei em facilitar-lhe a entrevista no momento em que Dom João IVº e Dona Luiza de Gusmão seguissem para o oratorio a receber a communhão sagrada. Combinado o projecto, cuidou-se em realisa-lo. Encaminhou-se para os paços reaes Dona Clara com seus filhos menores. Introduzidos por uma porta particular, achárão-se na passagem dos soberanos no momento designado.

No dia porém anterior ao designado para a horrenda ceremonia, quando os aprestos todos se havião concluido, correu voz emfim que não ousára o tribunal do Santo Officio affrontar o perdão que Dom João IVº concedêra, bem que singular e desusado.

Leu o pregoeiro a lista dos condemnados ao fogo e ao garrote, e a dos penitentes que devião assistir á execução das sentenças. Figurava entre estes ultimos o nome do desditoso Manuel de Moraes, perdoado da pena capital por graça particular de Dom João IVº. Dirigio um sacerdote uma oração a Deos, ajoelhárão-se todos os circumstantes, e manifestárão a piedade dos seus sentimentos.

Cumpria portanto a Dom João IVº praticar na sua administração interior uma tal moderação, que não augmentasse a somma de difficuldades e perigos que lhe surgião por toda a parte. Que valia a salvação de um noviço dos Jesuitas diante dos despeitos e lutas do Santo Officio, que exercia influencia nos animos populares, e ajudava até o seu governo nacional?

Estava por esse motivo processado e preso, cumprindo-lhe cuidar mais da sua salvação que do beneficio alheio. Virão-se el-rei e a rainha circumdados de pedidos e empenhos para salvarem a Manuel de Moraes. Hesitava porém Dom João IVº em intrometter a sua autoridade, ainda não solidamente estabelecida em Portugal, em questões inherentes ao tribunal do Santo Officio.

Chegado á capital dos Estados de Hollanda, indagou aonde residia o emissario e agente diplomatico portuguez, acreditado perante o governo do stathouder, e que era então o padre Antonio Vieira, Jesuita celebrisado, prégador excelso, e amigo particular de D. João IVº, rei de Portugal, incumbido de negociar pazes com os Estados Geraes, afim de poder sustentar a guerra da independencia, em que laborava contra Hespanha.

Recebêra missões secretas e politicas de Dom João IVº de Portugal para Roma, França e Hollanda, e em pró do seu paiz negociava ainda allianças de nações estranhas, que o ajudassem contra Hespanha. Despedia a sua palavra o fogo sagrado. Queimava como incendio, feria como punhal afiado e agudo. Seduzia, arrastava, captivava, e enchia ao mesmo tempo de encantos os ouvintes todos.

Piedade! piedade! gritou toda a familia, arrastando-se aos pés de Dom João IVº, e de sua augusta consorte, agarrando-os com força, e molhando-os com pranto acerbo e copioso. Enternecêrão-se todos os circumstantes. Pareceu el-rei impressionado profundamente, e não pôde proferir palavra.

Enthusiasmou-se Manuel de Moraes pelo evento feliz, e incitado pelas reminiscencias patrias, escreveu e publicou uma memoria, defendendo os direitos de Portugal e do duque de Bragança elevado ao throno nacional, com o nome de Dom João IVº, e offereceu-a ao diplomata portuguez nomeado para Hollanda, Diogo de Mendonça Furtado .

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