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As mesmas noticias que lhe tenho dado, as cartas que precipitadamente comecei a escrever-lhe, e que hoje, posto que acobertado pelo anonymo, me vejo na obrigação moral de concluir e desenlaçar, não serão já perante a severidade incorruptivel, despreocupada e fria dos homens de bem, uma traição aos imprescriptiveis deveres da amisade, um aggravo á inviolabilidade do sigillo, uma offensa a esse culto intimo que se baseia na delicadeza, no melindre, no primor, culto que para as almas honradas constitue uma parte dos principios supremos da primeira das religiões a religião do caracter?
Antonio Feijó tinha o habito supersticioso de escrever aos seus amigos em papel de carta de formato e côr sempre differentes. A sua ultima carta despreocupada e alegre é de 28 de fevereiro de 1914 e está escripta, como que por estranho presentimento, em papel côr de rosa. Nunca mais tive outra do mesmo humor ou da mesma côr. A carta seguinte, datada de 20 de abril, é amarella, côr de outomno e de morte, e traz as primeiras apprehensões duradouras sobre o estado de saude de sua mulher, que, mezes antes, já lhe dera alguns passageiros cuidados. Mas desde essa data nunca mais houve paz na sua vida. Folheemos devagar essa amarga correspondencia: 18 de julho de 1914: «Tenho tardado em dar-lhe noticias minhas, porque, no estado de espirito em que ando, não queria affligir as suas primeiras horas do Rio de Janeiro com lamentações e amarguras, a que o seu coração amigo não póde dar remedio. A minha querida doente vai melhor, já póde sair, já quasi póde fazer a sua vida habitual. Mas... este mas é que é a minha tortura de todos os instantes. Qualquer que seja a natureza e gravidade da doença, as recaidas anteriores não me dão a menor garantia para o futuro.
O casamento fôra combinado ainda em Vizela, ao fim dum curto namôro, com grande desespêro de Frederico que tambêm estava nessas termas, que ia espairecendo os seus tédios entregando-se a um meigo flírt sempre novo em cada dia e que julgava severamente a imprevista evasão, do amigo, da vida despreocupada de solteiro...
Ao passo que Jorge, com um ademan desdenhoso e implicante, voraz, servindo-se com abundância: Eu acho delicioso! E uns breves minutos mais passaram os três amigos nesta charla despreocupada e alegre, espontânea exteriorização da mútua simpatia, da íntima conformidade de sentir que tam auspiciosamente parecia ligá-los, e que a esticada munificência do Azeredo quis que fôsse selada a Champagne.
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