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A alegria assentou-se com os convivas á meza d'aquelle festim. Começam as sobremezas e vão principiar os brindes. Magdalena é a primeira. Está porém, um pouco acanhada em presença dos seus hospedes porque tomando o calix, vieram colorir-lhe o rosto duas rosas de purissimo rubor. Quero ser a primeira, disse ella, porque sou filha. Brindo aos seus annos, papae.

A este tempo, assomou a uma janella fronteira ao seu quarto uma visinha, que vivia honestamente na desgraça, irmã d'aquella flor de Magdala, calcada aos pés pelos que não comprehenderam o impulso dos sentimentos que a transviaram. A pobre trabalhava e distraía-se a vêr os que passavam; cantava e ria esquecida do seu opprobrio. Estava vestida com uma côr triste, que lhe realçava a expressão dolorosa. Elle viu-a; cumprimentou-a com um sorriso leve, que traduzia um epigramma, que fôra comprehendido. Depois voltou-se para dentro: Ha uma affinidade intima entre a mulher e as côres; a escolha, a preferencia, a seducção por uma, é a linguagem de um sentimento recondito, que resôa dentro em si, e que ella não sabe exprimir, é o symbolo na sua fórma mais poetica e simples. A mulher é sempre uma criança, chora e ri ao mesmo tempo; como sente mais do que pensa, quer mais do que pode. A grande contradicção, que faz com que realise as nossas aspirações vagas e ideaes! Como uma criancinha que tem sêde, e, não sabendo ainda pedir agua, aponta para ella e exulta, assim a mulher não podendo revelar o sentimento indefinido que a eleva, que a faz soffrer e amar, serve-se da linguagem symbolica das côres, para completar a expressão que lhe transluz no rosto. Raphael, na sua inspiração divina, entreviu este mysterio quando ao determinar o ideal da Virgem na arte moderna, tomou a côr do azul ethereo para colorir-lhe o manto. O ideal da mulher no mundo antigo, menos espiritual, mas egualmente bello, mostrava-a como uma flor, a creação mais aprimorada da natureza, a planta mimosissima e languida; é assim Sacuntala, na poesia da India; a fraqueza, que póde tanto como a constancia heroica, quasi impossivel, de sua irmã Griselidis na Edade média; ella confidencia com as aves, os arbustos choram na despedida, as flôres amam-n'a como uma irmã gémea, um carpello tenuissimo animado á luz do sol brilhante, perfumado com todas as essencias de uma atmosphera limpida e serena.

E reconcentrava-se, recolhendo a si a ideação que se evolava, como as creanças recolhem os papagaios de papel fluctuantes e moveis, que se alam no espaço. A Annita passou por elle, toda gracil e acariciadora, um bom sorriso a colorir-lhe os labios veludineos, o corpo meneando-se n'um movimento furtivo, de corça domesticada.

A França e a Hespanha começaram a disputar, á beira do berço da princeza, o direito de lhe conceder dons. Dou-lhe um raio de sol para os cabellos, disse a França. E eu os reflexos sombrios do azeviche, accrescentou a Hespanha. E da reunião d'estas duas dadivas nasceu a côr das tranças castanho-claras de Mercedes. Tratou-se de colorir-lhe as faces. Que façam inveja á perola, disse a França.

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