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Atualizado: 26 de junho de 2025
Onde estavam os amigos de D. Pedro, quando a memoria do grande homem era amaldicçoada na condemnação da sua obra; quando sobre as suas cinzas a dissolução cuspia escarneos; quando a liberdade morria ás mãos da licença popular? Quem se ergueu, seguro em boa consciencia, para lançar a luva em defesa da justiça, e dizer ás turbas: sois desleaes e mentis? Ninguem! Todas as espadas ficaram embainhadas.
Nem aos mestres, aos que a maioria boçal aponta como illustres, nem á opinião, á critica sem sciencia nem consciencia das turbas, do maior numero, deve pedir conselhos e approvação, mas só ao seu entendimento, á sua meditação, ás suas crenças.
A côrte e a nobreza estavam fóra da cidade, e os poucos officiaes publicos que não se tinham retirado e que tentaram apasiguar a revolta, apedrejados e perseguidos, só escaparam com a fuga ao impeto irresistivel das turbas. Com as trevas aggravou-se a desordem. Na segunda feira as scenas da vespera repetiram-se com maior crueza.
Os clamores da multidão immensa mantiveram-se no maximum de intensidade durante todo o tempo que durou a marcha triumphal. Miguel Ardan deixava-se levar com evidente satisfação ao sabor das turbas. Irradiava-lhe do rosto a alegria. Por vezes o estrado parecia jogar de pôpa a proa, e de bombordo a estibordo como um navio batido pelas ondas.
Não o pensava Carlos, não o cria elle assim: leal e sincero tinha intregue o seu coração á mulher que o amava, que tantas próvas lhe dera d'amor e devoção; que descançava em sua fé, que não existia senão para elle: mulher môça, bella, cheia de prendas e de incantos, mulher de um espirito, de uma educação superior, que atravessára, desprezando-as, turbas de adoradores nobres, riccos, poderosos, para descer até elle, para se intregar ao foragido, pobre, extrangeiro, desprezado.
A familia, a essa hora, na igreja da Misericordia, orava, talvez, á Virgem protectora das virgens... Fernando, consummado o assassinio, sahiu galhardamente por entre as turbas que saudavam o nobre algoz. A paralysia do terror gelára os poucos que lhe reprovavam a infamia. Ninguem ousou, sequer, lembrar-lhe que aquelle sangue lhe tingia os pergaminhos!
O nobre senhor, nesse instante, temia menos as iras das turbas, sentia menos a deshonra, se deshonra via na sua traição, do que a ousadia do homem do povo, que assim se arvorava em seu juiz. Arreda, villão! gritou, mal a voz se desembaraçou. Villão! repetiu João Ramalho, refece é quem assim atraiçoa a terra que o viu nascer; não é, senhor alcaide? A voz do piloto tremia; mas não de susto.
Callam-se as trombetas; restrugem de todos os lados gritos estridentes. A subitas, arvores, flôres, estatuas, escadozes marmoreos, tanques, repuxos, tudo resplandeceu. Chega Cezar na sua carroça, escoltado de vistosa côrte, derramando, por sobre as turbas aterradas e jubilosas do seu sorriso, ouro e perolas. Servem-se banquetes.
Entre os populares fulminados na bulla lá se descobre um nome que, por si só, revela a existencia d'um d'esses homens energicos que costumam surgir no meio das turbas agitadas e as dirigem, e são durante algum tempo os seus idolos, até que, por via de regra, ellas proprias ou os annullam ou os esmagam.
Mas este amor é grande soffrimento! De que nos serve amar o que não ama? Ser dolorosa chama, Sobre campos de neve, errando, ao vento? Andar a perseguir um Anjo fugitivo! Entre turbas de mortos não ser mais Do que um espectro vivo? Ser doido cataclismo! Ser desprendida folha, Entregue aos vendavaes, A voar, a voar em negros vôos afflictos! Olhar seu proprio sêr como quem olha O fundo d'um abysmo!
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