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*Romeiro*, apontando com o bordão para o retratto de D. João de Portugal. Ninguem.
*Maria*, apontando para o romeiro.
*Manuel*. De nenhum modo: fizeste bem; eu é que sou injusto. Mas o que eu padeço é tanto e tal!... Vamos; eu ainda me não intendo bem claro com ésta desgraça: dize-me, falla-me a verdade: minha mulher... minha mulher! com que bôcca pronuncio eu ainda éstas palavras! D. Magdalena o que sabe? *Jorge*. O que lhe disse o romeiro n'aquella fatal sala dos retrattos... o que ja te contei.
Se assim o pensares, leitor benevolo, quem sabe? póde ser que eu tome outra vez o bordão de romeiro, e va perigrinando por esse Portugal fóra, em busca de historias para te contar. Nos caminhos de ferro dos barões é que eu juro não andar. Escusada é a jura porêm. Se as estradas fossem de papel, fa-las-iam, não digo que não. Mas de metal!
*Magdalena*. Misericordia, meu Deus! *Maria*. Não queres? Tu tambem não, pae? Não querem. E eu heide morrer assim... e elle vem ahi... MARIA, MAGDALENA, MANUEL; o ROMEIRO e TELMO que apparecem no fundo da scena sahindo detrás do altar-mór. *Romeiro*, para Telmo.
*Romeiro*, tirando o chapéu e alevantando o cabello dos olhos. Ninguem, Telmo, ninguem, se nem ja tu me conheces. *Telmo*, deitando-se-lhe ás mãos para lh'as beijar. Meu amo, meu senhor... sois vós? sois, sois. D. João de Portugal, oh, sois vós, senhor? *Romeiro*. Teu filho ja não?
Tornou a Moura então assegurouse, Dizendo que achara a hum Romeiro, Mas que não se acordava, e disculpouse, Da culpa de lho não dizer primeiro, A Raynha com isso aquietouse, Crendo ser seu marido verdadeiro, E ou fosse com fee, ou sem verdade, De vello mostrou ter grande vontade.
Quereis lembrar-me que estou abusando da paciencia com que me teem ouvido? Fizestes bem, padre: eu ia-me esquecendo... talvez me esquecesse de todo da mensagem a que vim... estou tam velho e mudado do que fui! *Magdalena*. Deixae, deixae, não importa; eu folgo de vos ouvir: dir-me-heis vosso recado quando quizerdes... logo, ámanhan... *Romeiro*. Hoje hade ser.
O que havemos dito é crua verdade; mas é a verdade. Ha nesta epocha dous caminhos a seguir; um, estrada larga, batida, plana, sem precipicios, mas que conduz á prostituição da intelligencia; outro, vereda estreita, tortuosa, malgradada, mas que se dirige ao applauso da propria consciencia. Aquelles cujas esperanças não vão além dos umbraes do cemiterio e que ahi veem, não o termo da sua perigrinação na terra, mas o remate da existencia, que sigam a facil estrada. Nós, porém, que guardâmos para além da vida as nossas melhores esperanças, tomaremos o bordão do romeiro e iremos rasgar os pés pela vereda d
Frei João de Portugal, que é o prior de Bemfica, e tambem vigario do Sacramento, sabes, chegou haverá duas horas, noite fechada ainda, e ca está: é quem te hade lançar o hábito, a ti e a Dona... a minha irman. Depois ireis, segundo o vosso desejo, um para Bemfica, outro para o Sacramento. Onde está elle... e o que fará!... *Jorge*. Bem sei, não digas mais: o romeiro.
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