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Atualizado: 27 de julho de 2025


Os paquetes que entram de manhã na barra Trazem aos meus olhos comsigo O mistério alegre e triste de quem chega e parte. Trazem memórias de cais afastados e doutros momentos Doutro modo da mesma humanidade noutros portos. Todo o atracar, todo o largar de navio,

Nós que andámos com êle vamos falar nisso a todos, Com um orgulho legítimo, com uma confiança invisível Em que tudo isso tenha um sentido mais belo e mais vasto Que apenas o ter-se perdido o barco onde êle ia E ele ter ido ao fundo por lhe ter entrado ágoa prós pulmões! Ah, os paquetes, os navios-carvoeiros, os navios de vela! Vão rareando ai de mim! os navios de vela nos mares!

E fallar-se sempre da rapida transmissão do pensamento, de telegraphos electricos, de cabos submarinos, de paquetes a vapor! Ha um mez que inteiramente ignoram o que se pensa no Chiado, e, visto que os incendios começavam quando partiram, não sabem ao certo se Lisboa ardeu, e se se encommendou algum marquez de Pombal para reedifical-a.

Ahi mesmo consegui a minha entrada no seminario episcopal da cidade, d'onde saí, cinco annos mais tarde, com ordens sacras. «A despeito de todos os despotismos e ameaças, Amelia continuou a escrever-me todos os paquetes, até que chegou um dia em que deixei de receber noticias suas. Foi isto, cinco mezes depois da minha chegada a este paiz.

Tremo com um frio da alma repassando-me o corpo E abro de repente os olhos, que não tinha fechado. Ah, que alegria a de saír dos sonhos de vez! Eis outra vez o mundo real, tão bondoso para os nêrvos! Ei-lo a esta hora matutina em que entram os paquêtes que chegam cêdo. não me importa o paquête que entrava. Ainda está longe. o que está perto agora me lava a alma.

O que escreve estas linhas, tendo sahido do Porto no dia 8 de janeiro, foi surprehendido pela tempestade e embargado pelas cheias, não podendo chegar a Lisboa senão oito dias depois d'aquelle em que partira do Porto. Foram seus companheiros de viagem alguns mancebos quinze ou vinte que emigravam para o Brasil e vinham do Minho tomar em Lisboa um dos paquetes da Mala Ingleza.

A um lado havia um lavatorio; sobrepostas a um canto tres malas de viagem, de coiro de Varsovia com pregos d'aço, estrelladas com senhas de caminhos de ferro, d'hoteis e de paquetes; a que estava por cima das outras tinha em grandes lettras pretas sobre uma tira de papel este distico: Grand-Hotel-Paris; uma das senhas era dos paquetes inglezes da carreira da India.

Pois n'este sítio, que era de sequeiro, Todo o genero ardente resistia, E, á larguissima luz do Meio-dia, Tomava um tom opalico e trigueiro! Sim! Europa do Norte, o que suppões Dos vergeis que abastecem teus banquetes, Quando ás dockas, com fructas, os paquetes Chegam antes das tuas estações?! Oh!

Ellas em Portugal não querem por emquanto exemplos. O que ellas querem é directamente benzina. Se, porém, se entende definitivamente que á mesa da communhão devamos nós os catholicos aproximar-nos por cathegorias e por classes, como á mesa dos paquetes, então pedímos uma tarifa para regularisação do serviço ecclesiastico.

Por uma carta chegada n'um dos paquetes inglezes do Brazil, soube Emilio da Cunha, que seu irmão mais novo tinha fallecido, deixando-o, por elle ser o seu mais proximo parente, herdeiro d'uma fortuna consideravel.

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