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Atualizado: 24 de julho de 2025
O Muxagata estava no seu solar ou por ahi perto. D. Christina continuava a habitar a casa da rua das Fontainhas. Não saía a pé nem a cavallo. Pelo tempo das colheitas a minha familia ia para uma quinta no concelho de Sinfães.
Era eu. Pois não houve meio de resistir. Ora então, senhores e... Senhoras não ha infelizmente! exclamou o Leotte. Peço attenção, que eu principio. E principiei. O morgado de Muxagata, ou simplesmente o Muxagata, como elle era conhecido ha vinte annos no Porto, tinha solar a onze leguas de Lamego, na aldea d'aquelle nome.
Como todo o bom morgado, conservou, ainda na pobreza, o seu enthusiasmo pela equitação. E não tendo já cavallos para montar, cavalgava, ao longo dos vastos corredores no ruinoso solar de Muxagata, n'um cabo de vassoura. Um bello dia morreu, e não foi por desastre do seu ultimo cavallo... de pau. Finis, laus Deo, perorei.
Não era elle, mas um novo cavallo que chegava. Uma belleza de estampa, que os criados estavam admirando em circulo á porta da cocheira. Soube-se a historia do animal. Muxagata já estava no Porto, e havia comprado aquelle bello exemplar pur sang ao Côrte Real de Traz da Sé por tresentas libras. Finalmente, á noite, chegou o Muxagata com o Henrique da Perzigueda e outros amigos.
Pois a indigencia que o Muxagata me havia annunciado refestelava-se, depois da meia noite, n'uma ceia a dois, servida pelo Miguel de casaca e lenço branco?! Pois as consequencias deploraveis do rapto, o quadro negro da fóme transmudavam-se n'essa orgia de bacchante perdularia, em que o Antonio Falcão do Marco era conviva suspeito?!
O grande Muxagata principiava a ser um mytho para muitos banhistas da rua Direita e travessas affluentes. Chega o Muxagata! Não chega o Muxagata! Á noite, os criados, vendo que o patrão já não chegava n'esse dia, comiam o jantar que estava preparado para elle. Passou assim uma semana. Na segunda-feira seguinte sentiu-se ruido á porta do Muxagata. Foi muita gente ás janellas.
O escandalo d'aquella mancebia publica indignava-os; não obstante, cumprimentavam risonhamente o Muxagata, que era bom freguez dos ourives e dos mercadores de pannos. Na casa das Fontainhas havia batota todas as noites. Criados de casaca e lenço branco serviam o chá. D. Christina, a bella de Lamego, jogava como um homem entre os homens. Saltava nos valetes, e fazia cerco ás quinas.
Não ousei, por uns restos de pudor, dizer que a encommenda eram quarenta libras. D. Christina perguntou quem mandava a encommenda. Esta pergunta foi a minha ultima surpresa. De quem poderia ella esperar encommendas depois da meia noite? Ri-me para dentro, não obstante parecer-me que a pergunta, sendo muito melindrosa para o Muxagata, não o deixava de ser tambem o seu tanto ou quanto para mim.
Gastava duas horas n'esse trabalho, e elle proprio era o banheiro dos seus animaes que, á força de acicates, acabavam por investir com a onda. O Muxagata encharcava-se dez vezes em cada manhã desde os pés até aos hombros. Sentia-se satisfeito com essa maçada quotidiana, que sempre attraía alguns espectadores.
Chegando ao meu quarto, fechei a porta, e disse-lhes cuidadosamente, como se se tratasse de um segredo de estado n'um club de conspiradores: Já sei quem esta mulher é! Quem é? A Christina do Muxagata, sem tirar nem pôr! A Christina da historia que nos contaste?! Acreditem, meus amigos, é a Christina do Muxagata.
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