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Atualizado: 7 de junho de 2025


O ter nascido grande não deve desmerecer-me pela resignação com que me sujeito á humildade da minha posição. E, levantando-se, foi vender um peito de camisa a uma mulher que lhe chamava «Dona Mariquinhas». Pouco depois entrou na loja um rapaz, asseiado a primôr, mui fragrante de cosmeticos, e todo elle uma bonita caçoula a recender perfumes de mocidade.

Chorei então silenciosa mas desesperadamente, num desânimo de quem afundar-se todo um passado de alegrias e não no futuro luzeiro de esperança. A Mariquinhas ali estendida, a sofrer, a morrer, ella tão linda, tão gentil, a gárrula, algum tempo antes!

Comprou ao principio da noite, na Praça da Figueira, um perú por 1$100, e ficou-lhe ainda a tinir na algibeira o bello tostão para cigarros e café. Á meia noite, eil-o debaixo da janella da Mariquinhas, de perú debaixo da capa. Momentos depois o perú subia suspenso por um cordel, e a Mariquinhas era feliz.

Hôje, era uma linda flôr mandada pela pequena para a mamã pôr no seu logar, á mêsa; ámanhã, noticias lidas por acaso nos jornais sobre coisas passadas em Inglaterra ou nos Estados-Unidos; depois, uma corréta atenção aos discursos que lhes algaraviava, quando acontecia vê-la da janela. Com tão pouco, a Mariquinhas vencera a resistencia feroz daquella fortaleza e achava-se senhora da situação.

Apesar disso, as minhas relações com a Mariquinhas não afrouxavam, e a mulher de meu tio não se opunha a ellas porque encontrara emfim o meio infalivel de domar o meu orgulho e fazer-me docil e estudiosa. Á simples ameaça de me prohibirem esses momentos de desafogo, não havia nada que eu não fizesse! Se era a unica felicidade para o meu coração e o sêr humano tem della tanta necessidade!

E nunca, nunca mais poderei riscar da memoria o olhar fundissimo de amargura, quasi odiento, com que a Mariquinhas me envolveu toda, como que sondando-me... Meu Deus! eu não compreendi, não podia compreender então o desespero da pobre alma ao vêr-me cheia de saüde e de vida, emquanto ella que tanto amava e desejava viver! ia desaparecer, para todo o sempre!

Era uma angustia curtida em silencio, que me despedaçava brutalmente o coração. Um dia, quando atravessava a cosinha para ir á minha piedosa espionagem, a Eulalia voltou-se para mim com uma frigideira na mão e disse-me, com um ar escarninho que me arrepiou: «A menina Mariquinhas sabe? está a morrer.

Nem os professores se queixavam de mim, que a Mariquinhas e o Chico tinham-me tornado quasi estudiosa, com os seus conselhos e com os seus exemplos. O tempo nunca pára e por peor que estejâmos corre do mesmo modo veloz, ainda que tal nos não pareça, dobradas como são as horas de amargura.

Com a morte da Mariquinhas toda a alegria acabou para mim. Nunca mais voltei ao jardim, a olhar as janelas do seu quarto, agora sempre fechadas. O Chico, quando voltou, pensativo e triste, de longe me acenava com a mão um cumprimento amigo. A vida tornou-se-me insuportavel: despida de interesse, vasia de desejo.

Mariquinhas atrapalhou-se, e coçou a cabeça com ambas as mãos. Deve saber-se que o tio João desconfiava que a filha, quando podia, lhe roubava das caixas o seu sacco de milho, que vendia para comprar, á surrelfa, o seu cordãosinho de ouro.

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