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Era a tia Leonarda, mais conhêcida por tia Lina, natural da Beira-Alta; e em 1877, a conhêci eu vestida sempre á moda das camponezas da Beira, falando a linguagem vulgar que fala o pôvo d'aquella provincia, como se de tivêsse chêgado. Na sua casa comi um jantar beirense, e por um momento julguei-me transportado a uma das hospitaleiras casas dos nossos lavradores do Norte.

Apenas chegou ao patamar, D. Leonarda inquiriu com voz ameaçadora: Quem te deu licença de entregares áquella mulher a medalha que te dei? E, como o pequeno não respondesse, applicou-lhe uma bofetada com tamanha violencia, que o fez cambalear e cahir para traz, batendo com a cabeça na esquina do degráo. Pedaço de maroto! rosnava a freira convulsa. Levan\-ta-te!

O rapazinho poisou logo a chicara e o pão, engoliu com esforço o bocado que mastigava, e deixou pender os braços. Não pôde comer mais. Os unicos momentos felizes durante o mez que esteve na Povoa eram os que passava na varanda da casa, depois do jantar, em quanto D. Bernardo e D. Leonarda dormiam a sesta.

O rapazito reprimia as primeiras lagrimas, e ouvia-a com submissão e humildade. Pois o sr. D. Bernardo e eu gritava a freira a termos toda a caridade por ti, e tu, ingrato, ainda choras! E, como Simão, com a cabecinha baixa como um réo convicto, principiasse a soluçar, e as lagrimas lhe cahissem em fio, D. Leonarda indignada, levantava a voz e gesticulava convulsa: Tu porque choras, rapaz?

Simão ouvia isto sem levantar os olhos. De volta para casa, a freira não cessava de o reprehender. Um dia, na ausencia de D. Bernardo, D. Leonarda, durante o almoço, esteve constantemente a gritar ao pequeno. Simão, sentado defronte, ouvia-a silencioso, sorvendo o café a pequeninos golos. D. Leonarda, no auge da sua irritação, gritou-lhe: Levanta a cabeça, rapaz! Deixa o café.

A sr.ª D. Leonarda levantava-se de madrugada, e ia para a praia, seguida da criada e do Simão. Nos primeiros dias, o pequeno sentiu um horror extraordinario pelo mar. Entrava na barraca a tremer e a chorar, pedindo a Deus que o matasse! A sr.ª D. Leonarda, a sós com elle, falava-lhe com aspereza e de sobrecenho carregado.

Elle respondia affirmativamente e ficava muito vermelho, quasi a chorar. Pediu á Joaquina que esperasse um instante. Foi ao quarto em que dormia, tirou d'uma gaveta a medalha do Bom Jesus, que lhe dera D. Leonarda, e desceu com ella á rua para a enviar á irmã. Logo que sahiu a porta, D. Leonarda assomou á varanda. Observou de cima o pequeno entregar á vizinha a medalha que lhe tinha dado.

Onde está a sr.ª D. Leonarda? perguntou o morgado com ar grave e carrancudo. Está no quarto respondeu a velha. A senhora tambem ficou doente. Isto abalou-a muito. Ao quarto dia a febre remittiu. Os receios do facultativo desvaneceram-se. No fim de uma semana, o doente sahiu da cama para uma cadeira da sala. Caminhava amparado ao braço do padrinho, muito desfallecido de forças, pallido e tremulo.

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