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O Magnus Apollo da poesia moderna, o deus da inspiração e pae das musas deste seculo, é essa entidade que se chama edictor, e o seu Parnaso uma livraria. Si outr'ora houve Homeros, Sophocles, Virgilios, Horacios e Dantes, sem typographia nem impressor, é porque então escrevia-se nessa pagina immortal que se chama a tradicção. O poeta cantava; e seus carmes se iam gravando no coração do povo.
Quanto á menos exacta qualificação que ao impressor foi attribuida pelos sacadores, pode entender-se egualmente, ou que houve equivoco da parte destes, ou que elles quizeram favorecer o recem-estabelecido «imprimidor», conservando-lhe a qualificação de «obreyro», com o fim de lhe minorar a importancia do escote.
Não esqueça referir que a officina de Antonio Gonçalves foi avaliada em 5$000 réis, pagando o futuro impressor dos Lusiadas o escote de 35 réis para as necessidades da corôa.
Pelos esforços combinados do escriptor, do capitalista que empregou o capital para a sua publicação, do fabricante de papel, do compositor, do impressor, etc. São estes esforços junctos que criam o valor do livro, valor que, antes ou depois de trocado, se reparte pelos que trabalharam em creá-lo. Qual é a parte que pertence ao auctor nesse complexo de esforços?
Achava-se o velho impressor estabelecido no «Beco de Gaspar das Naus», freguezia de «Sam Giam», nas casas de um tal Bento Gonçalves.
Já grande parte se achava typographicamente composta, quando circumstancias imprevistas, sobretudo a de não se achar em uma só parte d'esta grande Capital o papel cartonado proprio para semelhante genero de impressão, e não querermos demorar indefinidamente a publicação promettida, á espera que viesse da Europa o papel que se mandasse buscar, fizerão-nos de accordo com o Impressor destruir tudo quanto estava feito, e dar nova fórma e novo titulo.
A primeira diligencia que fiz, foy ajustar a imprenssa dos livros de musica; e dizendo-me o Impressor, que para se estamparem era necessario tempo de cinco mezes, disse a hum amigo meu: Nesse tempo podia eu fazer a minha viagem a Jerusalem; a que respondeo, dizendo: Em boa occasiaõ fallais, pois ahi está huma nao nova, e boa, que vay para Tripoli de Syria; do que tive grande alegria; e tomando a correcçaõ dos livros
Assim pois, se a tal «travessa que vai para a rua das Farinhas», do Tombo Pombalino, não era, como, de facto, não parece ter sido, a «rua do Crucifixo», do Summario de Christovão, ainda existente, e conhecida por esta denominação em 1712, como se mostra na Corografia de Carvalho da Costa, e se não era, portanto, nella que Manoel João estava arrolado, tudo que se póde concluir, é que o nosso impressor teve a sua officina no territorio da freguezia de S. Christovão, e numa via pública muito proxima á séde da parochia, mas para o N. do territorio desta.
Com effeito, uma vez que se nos deparára aqui a viuva do celebre impressor francês, que tanto realce deu á typographia lisbonense do XVI.^o seculo, e tão util foi ás letras portuguesas destas afastadas eras, bem natural fôra que desejassemos precisar o sitio, a rua, a travessa ou beco onde a digna matrona residisse.
Germão Galharde, francês de nação, o que elle não deixou de recordar-nos em algumas de suas assignaturas , foi, como anda sabido, o mais operoso impressor que teve o XVI.^o seculo português.
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