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Atualizado: 17 de junho de 2025
As palavras de uma obscuridade sibyllina, ditas pelo herbanario, parecia terem um sentido para Augusto, que visivelmente se perturbou ao ouvil-as. Que está ahi a dizer, tio Vicente! disse Augusto, sem ousar fitar o velho.
E já lhe não restavam vestigios da impressão causada por Christina. Este herbanario continuou elle em voz alta deve, pelos seus habitos excentricos e até pelo solitario do sitio em que vive, ter aqui na terra certa famazinha de feiticeiro. E tem, affirmou Magdalena mas de feiticeiro bem intencionado. Devem correr muitas fabulas a respeito d'elle, do seu viver.
O velho porém disse-lhe, ao perceber-lhe a surpreza: Não queiras saber da minha vida, rapaz. Suppõe que eu tenho a servir-me uma vara de condão ou uma fada qualquer, e deixa correr. Augusto acabou por persuadir-se de que o herbanario tinha accumulado riquezas, á fôrça de economias: porque de economias vivera sempre.
Ficar respondeu Augusto, com firmeza. O herbanario fixou-o com um olhar penetrante. Ainda?... Mas... não te vae ser suave agora a vida, rapaz. Para se viver não basta uma... uma loucura. Repara bem. Se quizeres... O Manoel é leviano, mas creio que ainda não perverso; eu lhe escreverei... talvez que em Lisboa... Não lhe escreva. Sabe que não partiria para Lisboa...
Mais do que uma vez tentára arrancar o herbanario d'aquelle sitio. O velho, porém, resistiu; queria estar alli até vêr cair a ultima arvore. Ao pinheiral d'onde assistia á scena, chegava em confusão o alarido dos trabalhadores, o rumor do manobrar dos instrumentos, e até o da quéda das arvores cortadas.
O herbanario não fôra colhido desprevenidamente pela morte; havia muito tempo que fizera as suas disposições e por ellas legára a Augusto tudo quanto possuia, isto é, alguns livros, entre os quaes a Polyanthea, e o preço, quasi intacto, que recebêra pela casa expropriada.
Por outro lado os delicados sentimentos do herbanario eram dolorosamente feridos, ao desmoronarem-se as paredes d'aquella pequena casa, onde elle envelhecêra e contava morrer, e ao patentear-se indiscretamente aos olhos irreverentes e curiosos do povo aquelle recatado asylo. A demolição proseguia com ardor e actividade.
O conselheiro e toda a familia tomaram lucto como parentes do herbanario, e receberam as visitas de pêsames, que em parte eram tambem de parabens pelo exito do suffragio popular.
O herbanario parou, embaraçado. Acima ficavam-lhe os açudes, transformados em impetuosas cataractas; abaixo, o moinho, em cujas enormes rodas espumava a corrente com espantoso fragor. O velho Vicente hesitou. Era para causar vertigens o que via. As aguas, sem transparencia, occultavam de todo a vista das pedras. Tenteou com o bordão o sitio, em que as suppôz.
E após estas palavras vagas, cujo mais claro sentido Augusto tremeu de investigar, o velho mandou-o aos Cannaviaes, n'aquella mesma noite, recommendando-lhe que fôsse preparado para receber uma grande dor. Augusto seguiu as indicações do herbanario, e foi. Era d'elle o vulto que fizera estremecer Magdalena, quando na noite da piedosa devoção de Christina, a vimos chegar á janella dos Cannaviaes.
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