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Atualizado: 18 de julho de 2025


Ergueu-a do chão como morta, chuchada, espipada, moída pelas pégadas de duas gerações, espalmada como uma pellicula pelo piso das alimarias e pelas rodas dos vehiculos que passaram na via, sobre o macadam enlameado. O primeiro, pela ordem chronologica, dos nossos grandes e inspirados poetas de segunda ordem, pegou na Idéa Velha por uma ponta e pol-a ao alto. Soprou-a, encheu-a, attestou-a, retesou-a de novo. Depois lavou-a, catou-a, cortou-lhe as unhas, penteou-a, metteu-lhe louro fresco na fronte, poz-lhe ao peito uma bonina de cera feita na Margotot e levou-a comsigo á sociedade, onde a receberam bem. Cercáram-a varios outros não menos grandes nem menos inspirados poetas de segunda ordem do que aquelle que a levantára do chão. Andou pelo braço de um e pelo braço de outro recebendo declarações de affecto e dadivas de amor. Mão tão dedicada quão firme cravou-lhe sobre a bonina de cera feita pela Margotot uma mariposa de tarlatana com as pequenas azas abertas, em spasmo, feita no Casademund. Levaram-a aos espectaculos, ás solemnidades publicas, ás casas particulares, e por toda a parte foi acolhida com agrado. Recitou aos pianos; escreveu endeixas nos albuns; collaborou na Grinalda e no Almanach de Lembranças; dedicou versos á Lapa dos Esteios, á Stoltz e á Novello e ao funeral da senhora D. Maria II; concorreu com a sua pedrinha para o monumentosinho levantado a Ovidio e ás Graças nas notas da versão portugueza dos Fastos. Foi da Assembléa da Galocha, na rua Nova do Carmo, e do Gremio, que tomou o nome de Litterario para a receber e cujos socios affirmáram, para lhe serem agradaveis, o seu amor á lettras deitando bigode e pera. Ella penetrou finalmente nas altas regiões officiaes. Foi aos paços dos nossos reis! De quando em quando observava-se que ella começava de repente a encolher, a chupar, a fazer pregas: ia-lhe saindo o vento com que fôra insuflada pelo genio dos maiores poetas portuguezes de segunda ordem, e era tragico e aterrador o seu aspecto, qual o de uma concertina que se fecha. Mas n'estes casos afflictivos vinha o canudo da publica opinião, e todos sopravam para dentro novo ar pelo dito canudo á Idéa Velha. O poder moderador, com a sua real corôa na cabeça e o seu real manto ás costas, era o primeiro a soprar, bochechudo, vermelho, heroico. Seguiam-se por ordem hierarchica os grandes do reino, alguns dos quaes, achando-se tão chupados e tão desfallecidos como a propria idéa que eram chamados a revificar com o seu alento, sorviam-a em vez de a bufar, e retiravam-se mais turgidos, mais tesos, mais grandiosos. Vinham depois as classes medias, que com a sentimentalidade que as caracterisa, choravam de ternura olhando para a fidalguia nobremente enfunados nos seus uniformes e lembrando-se de que ellas, miseras classes medias, tinham tido a honra de bufar

Eu tambem fui poeta, e improvisava, na exuberancia do amor, endeixas sentidas, que nunca pude reproduzir com animo frio sobre uma tira de papel. A fada acabava de cantar os dous versos tão lindos: Dai esmola d'amor á desgraçada, Ó anjos, que o meu anjo tendes .

E tanto mais me fita, quanto mais Os crava no meu peito; Comtudo heide dizer-lhe: «Oh minha amada Desfia-o, fibra a fibra, á punhalada Que morro satisfeito!»... O matrimonio De banza a tiracollo e capa á trovador, Eu nunca fui cantar endeixas amorosas, Lyrismos de Romeu junto aos balcões em flor, Por sob o luar dormente e as nuvens vaporosas.

Ha uma indescritivel atonía Nas vagas tintas que o sol-pôr produz, Como um grande soluço de agonía, Que lentamente se tornasse em luz... Andam no ar acentos vagabundos De fados lacrimosos, Como endeixas de poetas moribundos, Ao luar, pelos êrmos lutuosos... Olhai que tardes estas... Tardes de outôno, tardes de agonía... Vái dormir o carvalho das florestas Para acordar um dia...

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