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Emilio Deschanel, não menos espirituoso humorista que o doutor Moreau, procura demonstrar que o estylo revela o temperamento do escriptor.

Cumpre notar, aproveitando uma observação de Deschanel, que umas vezes e pela similhança e outras pelo contraste que o clima se reproduz na litteratura. «Ideal de belleza, diz elle, ideal de fealdade, que importa! Na religião dos negros, o diabo, dizem, é branco. E isto, pela mesma razão que na religião dos brancos dos brancos que acreditam no diabo o diabo é preto. Porque é que os poetas latinos, quando querem pintar a graça e a belleza das mulheres, lhes dão mais vezes cabellos louros do que cabellos pretos?

Estabelecida a verdade da influencia climatologica no homo duplex, Emilio Deschanel procura no estylo de cada escriptor a caracteristica do temperamento, do clima, dos habitos, etc. Pelletan, considerando o sólo como um collaborador forçado do destino d'uma raça, reconhece a necessidade de se escrever a geographia do progresso .

«Se se póde, em verdade, escreve Deschanel observar alguma cousa d'involuntario nos momentos sagrados da inspiração, esses momentos fugitivos não são tudo: subsiste toda a potencia innata e toda a força adquirida, toda a somma de experiencia humana, de alegrias e dôres, que os precedem: toda a energia de escolha e de vontade que os segue, se é que não os acompanha : porque o que ha de involuntario é apenas apparente; e mesmo no enthusiasmo o genio não perde a sua bussola

Dous dias antes de morrer, sentado no leito, apostrophava a duas pessoas que acabavam de entrar no seu quarto: Plaudite, amici, comoedia finita est. Nas horas que lhe restaram de vida parece que não mais referveu nos seus labios a espuma da ironia. Assim partiu da terra, angustiada por um soffrimento inexplicavel, a grande aima do Goethe da musica, como lhe chama Deschanel.

Era então um rapaz que se atirava ao turbilhão da mocidade, ebrio d'esperança e gloria. Sobre o seu temperamento divergem todavia as opiniões; o doutor Macedo Pinto cita-o como sanguineo, e Emilio Deschanel attribue-lhe uma organisação essencialmente nervosa, como a de Bellini e Beethoven.

Deschanel protesta contra a exageração do doutor de Tours, mas aceita o estado-mixto, quer dizer, um estado que ao mesmo tempo participa da saude e da doença. Emilio Deschanel compartilha pois da opinião d'outro medico francez, o doutor Bouchut, segundo o qual o nervosismo é a molestia ordinaria dos homens de letras e dos artistas.

«Chaque siècle a son tour d'esprit», disse Fontenelle, e a historia nos está provando que Fontenelle não mentiu. Emilio Deschanel ponderou que «se o estylo era o homem, a litteratura era a sociedade

Ainda algumas palavras do doutor Moreau para ouvirmos depois Emilio Deschanel: «Todas as vezes que as faculdades intellectuaes ultrapassem a bitola ordinaria, especialmente nos casos em que ellas attinjam um grau de energia excepcional, podemos estar certos de que o estado nervopathico, sob uma fórma qualquer, influenciou o orgão do pensamento, quer idiopathicamente, quer por via da hereditariedade.

E não será sufficientemente nova, para o tempo que corre, se fôr precisa e sincera?» E depois, receioso de que supponham que se ares academicos, acode Deschanel denunciando a indole dos seus estudos: «Imaginai que folheaes, por matar o tempo, um album de autographos ou de photographias; é pouco mais ou menos o que vos eu apresentoIsto escreveu Deschanel; isto devo eu repetir com dobrada razão.

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