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Atualizado: 13 de julho de 2025


Ella soltou o avental, baixou a cabeça, suspirou simplesmente: Ai, então muito obrigada, seja pela felicidade de todos... E agora a curiosidade de Gonçalo procurava os pequenos que ella acarretára desde os Bravaes atravez da chuva cerrada. A pequenina de mama dormia com beatitude sobre a tampa de uma arca, onde a boa Rosa a aconchegára entre mantas e fronhas.

Gonçalo reteve a colhér, num pasmo risonho: Você queria arrendar a Torre, Pereira? Queria conversar com V. Ex.^a. Como o Relho está despedido... Mas eu tratei com o Casco, o José Casco dos Bravaes! Ficamos meio apalavrados, ha dias... Ha mais de uma semana. O Pereira coçou arrastadamente a barba rala. Pois era pena, grande pena... Elle no sabbado s'inteirára da desavença com o Relho.

Gonçalo calçava as luvas d'anta, mirando o espelho: Pobre papá, coitado, tambem teve pouca sorte... E por chicote, ó Bento, aquelle chicote de cavallo marinho que tu hontem areaste. Parece que é uma boa arma. Ao sahir o portão, o Fidalgo da Torre metteu a egoa, sem destino, n'um passo indolente, pela estrada costumada dos Bravaes.

A creada entrára com a bandeja do chá. E em torno da mesa, trincando as torradas famosas, conversaram sobre a Eleição, sobre os informes dos Regedores, sobre a reserva do Rio-Manso e sobre o Dr. Julio, que Videirinha encontrára nos Bravaes pedinchando votos pelas portas, acompanhado por um môço com a machina photographica ás costas.

O capellão suspendeu a pitada, que colhera n'uma caixa de prata dourada, pasmado para o Fidalgo: Ora ahi está como as cousas se inventam! Pois por constou que V. Ex.^a tratára com o José Casco, o José Casco dos Bravaes. Até no Domingo, ao almoço, a Sr.^a D. Graça... Sim, interrompeu o Fidalgo com uma fugidia côr na face fina. Effectivamente o Casco veio á Torre, conversámos.

Entendido... E franguinho assado para S. Ex.^a, que se queixa do rim! E atravessou o pateo, com lentidão bovina, parando a colher n'uma roseira, junto ao portão, uma rosa com que florio a quinzena de velludilho côr d'azeitona. Immediatamente Gonçalo decidira não jantar, certo dos beneficios d'aquelle jejum até ás dez horas, depois de um passeio pelos Bravaes e pelo valle da Riosa.

E arrebatadamente, n'um choro solto, gritando: «Ai meu Fidalgo! meu Fidalgo!...» o Casco agarrou as mãos de Gonçalo, que beijava, rebeijava, alagava de grossas lagrimas. Então, Casco! Que tolice!... Deixe homem! Pallido, Gonçalo saccudia aquella gratidão furiosa até que ambos se encararam, o Fidalgo com as pestanas molhadas e tremulas, o lavrador dos Bravaes soluçando, n'uma confusão.

Gonçalo pousou a boceta de alperces na arca, palpou a mão com que elle, sem cessar, raspava pela abertura da camisa encardida o peito ainda mais encardido. Mas esta creanca tem febre!... E vossê, com uma noite d'estas, traz o pequeno assim desde os Bravaes, mulher?

Gonçalo recolhia para o almoço depois d'um passeio no pomar percorrendo a Gazeta do Porto, quando avistou no banco de pedra, rente á porta da cosinha, onde a Rosa mudava o painço na gaiola do seu canario, o Casco, o José Casco dos Bravaes, que esperava, pensativo e abatido, com o chapeu sobre os joelhos. Vivamente, para se esquivar, remergulhou no jornal.

Na volta da estrada, dos Bravaes um homem gordo, de calça branca enxovalhada, que s'apressava, bufando, sob o seu guarda-sol de panninho vermelho, deteve o Fidalgo com uma cortezia immensa. Era o Godinho, amanuense da Administração. Levava um officio urgente ao Regedor dos Bravaes, e agora corria á Torre de mandado do Snr. Administrador...

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