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Atualizado: 5 de julho de 2025


Hoje é facil achar um ou outro exemplo de como o absolutismo sabe aninhar-se debaixo das formulas do governo representativo, e de como a reacção se colloca á sombra das liberdades conquistadas laboriosamente n'este seculo para tentar reconduzir as gerações actuaes e futuras ás instituições tenebrosas dos seculos passados.

O zeloso e invencivel demonifugo foi ao convento, avistou-se com a suspeita energumena, mandou ás freiras que depozessem ácêrca das malfeitorias attribuidas ao espirito immundo, e retirou-se capacitado de que a morgada da Fervença estava possessa d'uma legião de travessos e intrigantes diabinhos que usam, contra todo o natural, aninhar-se entre religiosas, não as poupando mesmo, quando ellas tomassem o expediente salvador do conhecido gallego da fabula de Almeida Garrett.

O amor, fugindo das grandes cidades, vem, segundo vejo, aninhar-se á sombra de vinte contos nos corações desinteressados dos jovens provincianos. Sr. Dyonisio Antunes de Val-de-Camellos, não servirei de obstaculo á sua felicidade. Adeus, seja venturoso! Oh! muito obrigado, generoso desconhecido! volveu Dyonisio, que estava decididamente infectado de romanticismo sombrio.

Essa modificação não tardou a estampar-se no romance, despojando-o dos esplendores e galanteria, com que até alli se ataviára, e fazendo-lhe vestir a roupagem, modesta e singela, mas não falta de poesia, das lendas religiosas, que foram aninhar-se nas chronicas monasticas, parecendo fugir ás impurezas do seculo.

O resto explica-se melhor: o mysterio psychico da maternidade, isso que nas mães se patenteia como uma força immensa, sem limites no affecto, sem barreiras nos zelos, capaz de todos os arrojos, poude aninhar-se n'aquelle corpo inerte, e imprimir vontade áquelle feixe de ossos.

Aquelle tibio da luz; aquelle horisonte dourado e bordado de nuvensinhas diaphanas côr da espuma dos mares; aquelle hymno immenso da terra, que se vai perdendo, perdendo ao longe por seios de cavernas; aquelle vôo da ave, que nos passa por cima da cabeça ao ir aninhar-se na roupagem da montanha; aquelle canto da zagala, que vem do prado com os seus cordeirinhos tão alvos como ella; aquellas brizas perfumadas, que então andam a folgar nas aguas do rio, ou na relva das margens, e que nos vêm depois roçar as faces com a ponta da aza melindrosa; aquelle rugir da folha secca e caída debaixo dos pés do viandante cançado; aquellas vozes confusas que se escutam no casal, que augmentam, que diminuem, que recrescem, e finalmente morrem no silencio; aquelle agoireiro latir do lebreu repetido pelos echos do valle; aquelle fatigado carpir do carro ao longe ao subir das encostas; e o sino da aldêa, que no alto da serra está assentada, como pastorinha esquecida a meditar amores; e os céos azulados a vestirem pouco a pouco o manto das sombras; e as sombras a desdobrarem-se nos campanarios; e os campanarios a perderem-se da vista; e a vista a resumir-se no coração; e o coração a afogar-se inteiro no saudoso da tarde, e a tarde com todas as suas galas.... oh! como tudo isto falla á alma uma linguagem ignota, e a deixa naquelle estado scismador em que as lagrimas são mais doces do que os risos do prazer!

Sabia elle pois, tão bem como eu, e sem eu lh'o dizer, que o meu espirito poetico no meio de tantas poesias anciava ainda por outra mais especial, que volteava á superficie de todas, como a mariposa que vai e vem de flores para flores, e, mostrando-se contente de as possuir, deixa todavia suspeitar que ainda não encontrou aquella em cujo seio ha-de cerrar as azas, aninhar-se, e permanecer.

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