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Outro fosse elle, e teria fugido de Sines n'essa mesma noite, mandando a noiva e o telegrapho ao diabo. Todas as pessoas de regular estatura o haveriam desculpado. Sabida a historia, ficou perfeitamente explicado o melancolico recolhimento em que o telegraphista vivia, o seu desdem pela festa dos taboleiros, e o seu apêgo ao apparelho Bréguet, bem mais suave para elle que o do Hymeneu.

Fui entregar o copo ao telegraphista, que gravemente me perguntou se o incommodo tinha passado. Disse-lhe que não. E elle, levantando-se outra vez, lembrou que seria melhor trazerem a senhora para a estação telegraphica, onde sua mulher lhe poderia offerecer um leito humilde mas asseado. Saí a dizer isto, e todos approvaram o alvitre.

Homem de poucas falas, o telegraphista não conversava com ninguem. E, de motu proprio, ninguem ousou dizer-lhe que a mulher que elle namorava tinha apenas a altura de uma boneca. O telegraphista caiu de cama com uma pneumonia. A solidão do seu quarto de doente levou-o decerto a pensar no casamento.

Um official? Um amigo? Foi abrir, resolvido a tudo. Era o telegraphista do regimento que, segundo uma combinação previa, lhe ia mostrar um telegramma do quartel general recebido n'aquelle mesmo instante e em que se mandava que infantaria 16 estivesse de prevenção. Passava das 9 horas. A ordem chegava, pois, demasiado tarde.

E, por cautela, dispensou-se de chamar a filha á conferencia. Tres dias depois era o telegraphista admittido na intimidade da familia. Foi então que viu pela primeira vez sua mulher tal qual ella era, sem o supplemento da cadeira alta. Um tremor de frio percorreu-lhe a espinha dorsal, mas, homem de principios honestos, presando acima de tudo a sua reputação, casou.

Se não foi por amor, seria por interesse? Mas então como diabo é elle telegraphista e vive pobremente? Arruinar-se-ia no jogo? Oh! aqui ha romance por força... As senhoras deitaram a doente, depois de a haverem desapertado, sobre o leito conjugal do telegraphista. Nós, os homens, ficamos na sala da estação conversando em voz baixa. O telegraphista fazia-nos, muito polidamente, as honras da casa.

Amparou-se ao braço de um parente seu, e recolhemos ao hotel, depois de termos agradecido ao telegraphista e a sua esposa os bons serviços que nos haviam dispensado. Elle disse-nos o seu nome todo, offereceu-nos attenciosamente a sua casa, pobre e humilde como era. A mulher, erguida nos bicos dos pés, dava beijos ás senhoras e apertou a mão aos homens, sacudindo-a á ingleza.

Na infelicidade d'este logro conjugal, uma consolação unica poderia sorrir ao pobre telegraphista: não tinha filhos, nem esperava tel-os. Muito bem sacado logro! exclamou o brazileiro com a despreoccupação de espirito de quem não suspeita ter caído em algum logro... mais ou menos bem sacado. Madame Araujo commentava o caso, ria, falava, estava expansiva, o que lisonjeava sobremodo o Leotte.

Á volta das fabricas, uma das senhoras do nosso rancho sentiu-se subitamente indisposta. Pediu-se um copo de agua. E, como a estação telegraphica estava proxima, recorremos ao telegraphista. Encontrei-o sentado ao apparelho que não era ainda o Morse trabalhando. Representava um homem de quarenta e cinco a quarenta e sete annos de idade: moreno e magro, estatura regular, bigode levemente grisalho.

Passado mais de um anno, alguem disse que o telegraphista namorava a filha de um maritimo ali conhecido. Não é possivel! exclamavam alguns. Isso por brincadeira! alvitravam outros. Mas o homem é sério. Não era possivel, diziam uns, porque a filha do maritimo era aquella creaturinha anã que nós vimos em Thomar.

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