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Era eu. Pois não houve meio de resistir. Ora então, senhores e... Senhoras não ha infelizmente! exclamou o Leotte. Peço attenção, que eu principio. E principiei. O morgado de Muxagata, ou simplesmente o Muxagata, como elle era conhecido ha vinte annos no Porto, tinha solar a onze leguas de Lamego, na aldea d'aquelle nome.

Sem termos sido mutuamente apresentados, estabeleceu-se para o fim do jantar, graças aos esforços empregados pelo Leotte, um certo convivio de expansiva camaradagem. Leotte, rindo sempre, contou ao que tinhamos ido a Cintra: ouvir os rouxinoes. O brazileiro e a mulher acharam muito graça a esta excentricidade collectiva. Ouvir os rouxinoes! exclamou elle.

Mas o que no Brazil ha de mais notavel é que muitos passaros falam. Falam? perguntou o Leotte. Eu sabia do papagaio, observou o Vasconcellos. Nada, não sr., continuou o brazileiro. O bem-te-vi, por exemplo, canta dizendo o seu nome. O tico, que é do tamanho d'um pardal, anda sempre a dizer tico, tico.

As reluctancias que alguns, a principio, manifestavam, quando o presidente Vasconcellos e o sabio congresso os intimavam a falar, iam desapparecendo. Com mais um mez de Cintra, saía d'ali um enxame de oradores. Que desgraça, se tal acontecesse! Durante o dia, mettemos á bulha o Leotte por causa do seu supposto achado de uma fidalga na cozinha do Victor.

Ora no conto do Gonçallinho, segundo a expressão do Vasconcellos, nem meia mulher apparecia. Foi pois o Vasconcellos, que n'essa noite excedia o seu bom humor habitual, quem lembrou que, para contrapor ao Gonçallinho, havia um homem entre nós, e que esse homem era o Leotte. Estavamos n'isto, quando o Victor, dono do hotel, appareceu á porta da sala, pedindo-nos licença para entrar.

O Gonçallinho Jervis, que tambem era amigo do conde, havia-se levantado, emquanto o Leotte falava, e encostára-se ao vão de uma janella olhando para fóra. Démos por isso. O que estás tu ahi fazendo? Que bello luar! exclamou elle. Que bella noite de primavera para irmos ouvir os rouxinoes! Não seja piegas, atalhou o Vasconcellos. Que bella hora para a gente ir deitar-se!...

O Leotte, apenas soube que madame Araujo era a Christina da historia do Muxagata, julgou-se um César que tinha chegado, visto e vencido. O Athayde, o Maldonado e o Vasconcellos eram os que mais reservados se mostravam perante esta situação inesperada, que viera accidentar pittorescamente a nossa excursão a Cintra.

O tolo do Leotte perdeu isto! O que térá elle feito?! Soubemol-o depois, quando recolhemos ao Victor, noite fechada. Foi um achado! exclamou elle, mal que nos viu. Então? Isso é para depois. Durante o jantar, nem palavra, por causa dos criados, ouviram? Está dito.

Era o Amor, disfarçado em groom, que celebrava a sua victoria como um gaiato de collegio. C'est gentil! exclamou o Leotte. Bravo! mavioso Gonçallinho! conclamaram sete vozes. E o Vasconcellos, logo reposto nas suas funcções austeras de dirigente, advertiu a assembléa de que onze horas e cinco minutos eram tempo muito conveniente para que em Cintra cada um pensasse em dormir.

Teve de conhecer que madame Araujo, muito experimentada no terreno que pisava, não quereria comprometter-se no pequeno theatro de acção de um hotel, onde o marido a largava por instantes e onde nós, os oito companheiros de Leotte, eramos outros tantos olheiros, cheios de malicia e curiosidade. De mais a mais, entre esses oito havia um que lhe conhecia a vida. Era eu.

Palavra Do Dia

stuart

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