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E agora antevia sempre uma bulha, um escandalo que o indisporia com os amigos do Cavalleiro, lhe vedaria o Club e as doçuras da Arcada, lhe tornaria Oliveira mais enfadonha que a sua quinta da Ribeirinha ou da Murtosa, solidões detestadas. Não se conteve, arriscou o costumado reparo: Ó Gonçalinho, olha que tambem todo esse espalhafato por causa da Politica...

Barrôlo recuou, negou com estrondo, como quem bruscamente fecha uma porta. Elle? Não! Não sabia nada! a Eleição! Na Murtosa votação tremenda... Ah! pensei, murmurou Goncalo. E a Gracinha? A Gracinha tambem não! Tambem não quê, homem? Como está? Simplesmente como está? Ah! está com as Louzadas.

Os trages populares, alguns tão pittorescos, tão suggestivos e tão bellos, como os das mulheres da Murtosa, da Maia, de Santa Martha e de Portuzello, como o dos boieiros do Ribatejo, dos pescadores de Ilhavo e da Povoa, e dos montanhezes do Alemtejo e do Algarve, degeneram e abastardam-se ridiculamente, porque não ha entre a gente culta quem preze esse trage, quem o honre e quem o entenda.

Encostado á vidraça, Titó coçava a barba, impressionado: Pois sim, Barrôlo! Mas você na Ribeirinha e na Murtosa tem de pagar as contribuições que elles mandarem. E n'esses concelhos tem d'aguentar as auctoridades que elles nomearem. E goza para d'estradas se elles lh'as fizerem. E vende o carro de pão e a pipa de vinho com mais ou menos proveito, segundo as leis que elles votarem... E assim tudo. O Gonçalo não deixa de acertar.

Apenas o Cavalleiro alludira com indolencia aos votos de Murtosa o bom Barrôlo quasi se engasgou, na ancia de os offerecer: E o que vocês quizerem... Votos, dinheiro, o que vocês quizerem!... Vocês digam! Eu vou para a Murtosa, e é comezaina, e pipa de vinho aberta, e a freguezia inteira a votar no meio de foguetorio...

a amparava o orgulho, certo respeito religioso pelo nome de Ramires, o medo da pequena terra espreitadeira e mexeriqueira. A sua salvação seria o abandono da cidade, o encerrado retiro n'uma das quintas do Barrôlo, a Ribeirinha, sobretudo a Murtosa, com a linda matta, os musgosos muros de convento, a aldêa em redor para ella se occupar como castellã benefica. Mas quê!

Barrôlo no emtanto abraçára o hombro possante do Titó, com quem mergulhou no vão da janella, n'uma confraternidade d'ideias, gracejando: Pois eu, sem ser dos taes parceiros, tambem mando nos bocados de Portugal que mais me interessam por que me pertencem!... E sempre queria vêr que esse S. Fulgencio, ou o Braz Victorino, ou os politicos do Terreiro do Paço, se mettessem a dispôr nas minhas terras, na Ribeirinha ou na Murtosa... Era a tiro!

Todo esse verão, como o Barrôlo decidira fazer obras consideraveis no velho palacete do Largo d'El-Rei, o passaram na quinta da Murtosa, que ella escolhera por causa da linda matta, dos altos muros de convento. A essa solidão attribuiu logo o Barrôlo a sua melancolia, a sua magreza, aquelle cansado scismar a que se abandonava, pelos bancos musgosos da matta, com um romance esquecido no regaço.

Pois certamente, filho! Ámanhã mesmo precisamos conversar com o Barrôlo, combinarmos, por causa dos votos da Murtosa!... Meu querido Gonçalo, não podemos adormecer. Não é pelo Julio, é pelo Pitta! Bem! bem! acudio logo Gonçalo, assustado. Parto para Oliveira.

Não, obrigado... Então ámanhã ás duas, no Governo Civil, com o Barrôlo, para combinarmos sobre os votos da Murtosa... Adeus, minha flôr! Démos um bello passeio e espantamos os povos! E S. Ex.^a, envolvendo o Palacete n'um demorado olhar, desceu pela rua das Tecedeiras.

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