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Mas porque a Infante D. Briatiz por conselhos e induzimentos não verdadeiros, com que pareceu que foi enganada, mudou este proposito, e com todo o grande perigo de Moura quiz ficar no primeiro de se não mudar da dita villa, o Principe começou tomar d'ella alguns descontentamentos, pelos quaes logo desejou desfazer ou mudar as ditas terçarias em outra maneira.

A Rainha estava em Sacavem com El-Rei e seus filhos, onde seu coração não tinha repouso com novas de mudanças e alvoroços, que se em Lisboa cada dia moviam, de que logo era avisada por pessoas que por isso esperavam haver com ella mais graça, e pelas cousas que lhe faziam crêr, ella começou d'haver e declarar por suspeitas e contrairas a si mesma todas cousas do Infante D. Pedro; pelo qual com palavras irosas, e que não cabiam em sua prudencia, mansidão e virtudes, lançou fóra de sua casa duas donzellas, filhas de Izabel Gomes da Silva, mulher de Pero Gonçalves, vedor da fazenda, e filha de João Gomes da Silva, e irmã d'Aires Gomes da Silva; e assi não consentiu em sua casa outra donzella, filha de João Vaz d'Almada, sobrinha do capitão, por serem pessoas do Infante D. Pedro: o que a Rainha fez por induzimentos alheios sem aquelle resguardo e bom conselho, que a seu estado e serviço cumpria; porque o lançar d'estas donzellas fez contra ella grande escandalo na cidade de Lisboa, por serem dos naturaes e principaes d'ella, e assi por se declarar imiga do Infante D. Pedro, que do povo era mui amado; porque até li sua desavença d'ambos podia jazer em suas vontades; mas sua rotura não se dizia nem mostrava tão depressa como se por isto mostrou.

No que El-Rei então consentiu; e ficou logo entre elles tempo assignado para isso, no qual o Infante se percebeu dos corregimentos e cousas que para a pessoa d'El-Rei e da Rainha, e assi para sua casa e camara cumpria; mas El-Rei por induzimentos d'alguns, e do Arcebispo de Lisboa principalmente, que de noite lhe ia falar, não esteve pela concordia em que ficara; porque antecipou o tempo, e tornou requerer o Infante, que logo leixasse o regimento; porque antes de casar elle inteiramente queria reger, em outra maneira não seria sua honra nem convinha a seu estado, ao que o Infante por não dar causa a mais danamento, logo satisfez e desistiu em todo do mandado e governança que tinha, em tanto que as cartas e provisões que d'antes foram por elle desembargadas, e eram feitas para se de seu nome assignarem, não as quiz mais assignar, nem entender em cousa que a regimento pertencesse.

E n'este accordo cuidou o Infante D. Anrique que, se o Infante D. Pedro o assignasse e consentisse, que levemente acabaria com a Rainha que tambem assi o fizesse; mas ella, a que o dito acordo foi primeiro mostrado, por induzimentos de não verdadeiros e sãos conselheiros o denegou fazer, querendo que o Regimento lhe fosse dado inteiramente, e que ella de sua mão daria d'elle a parte que quizesse a quem lhe bem parecesse.

Pelo qual o Infante apressado em sua alma d'estes continos padecimentos, suspirando pelo conhecimento da verdade, que havia por mais principal remedio de sua salvação, escreveu a El-Rei por seus confessores, e por outras pessoas religiosas muitas vezes, pedindo-lhe em todas por mercê, com palavras de muita piedade e com grande acatamento e obedencia «que por testemunhos e induzimentos de seus imigos o não quizesse julgar nem tão maltratar, e houvesse por bem arreda-los de seus ouvidos, e assim manda-los sair de sua côrte, como a elle por menos causas fizera; porque sendo fóra, elle não haveria seus mandados e determinações contra si por tão graves nem tão suspeitas como então lhe pareciam, e as cumpriria sem agravo nem escandalo, e lhe obedeceria com muito amor e lealdade, e que lhe lembrasse a grande perfeição e amor em que o criara, e a muita verdade e acatamento com que o sempre servira, e ao pouco que durando seu regimento em sua fazenda e estado tinha acrecentado.» E principalmente por confirmação de sua boa vontade lhe pedia «que não se esquecesse que o casara com sua filha que tanto amava, e não fôra com fundamento e desejo de apagar, mas perpetuar sua vida e real geração

N'este anno de mil e quatrocentos e setenta e oito, Lopo Vaz de Castel-Branco, que por alcunha se dizia o Torrão, sendo alcaide mór da villa de Moura, sem causa alguma e por induzimentos alheios que cegaram e forçaram sua propria lealdade, se alevantou com a dita villa e fortaleza por El-Rei de Castella, e contra El-Rei D. Affonso que o criara, e chamou-se conde d'ella.

Porque a Rainha, como quer que sempre foi muito honesta, virtuosa, prudente, devota e muito amiga da vida e honra d'El-Rei seu marido: porém sempre em sua vida mostrou ao Infante D. Pedro que não lhe tinha boa vontade: e as causas porque assim fosse eram occultas para culpar o Infante, salvo se procedessem de induzimentos alheios, que em sua feminil fraqueza de ligeiro fariam impressão, ou por ventura procederia das imisades que foram entre El-Rei D. Fernando d'Aragão, pae da rainha, e o conde d'Urgel, pae da Infante D. Izabel, mulher do dito Infante D. Pedro, que pertendeu por direito na successão d'Aragão, e foi d'El-Rei n'ella vencido.

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