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Mas porque melhor se saiba o procedimento deste mui virtuoso Rei D. Affonso Anriques, é forçado recorrer algum tanto pelas Chronicas atraz, a El-Rei D. Affonso de Castella o Sexto, chamado Emperador, que tomou Toledo aos Mouros, dino de muito louvor em todo principalmente em guerrear os imigos da nossa Santa Catholica, de que então a Espanha estava occupada, a cuja mui devulgada fama, movidos com mui devota cavalaria, grandes Senhores, e outras gentes Estrangeiras vinham busca-lo, para em sua companhia, por ser serviço de Deos, e salvação de suas almas, participarem de suas santas empresas, e trabalhos, antre os quaes vieram trez mui principaes senhores, a saber, o Conde D. Reymão de Tolosa, grande senhor em França, e o Conde D. Reymão de S. Gil, de Proença, e D. Anrique sobrinho deste Conde de Tolosa, filho segundo genito de uma sua irmã, e Del Rei Dungria, com quem era cazada, os quaes trez foram mui honradamente por El-Rei D. Affonso recebidos.

E era então naquelle tempo costume, que todos os filhos dos Reis se chamavam Reis, e as filhas Rainhas, posto que fossem bastardos, e como quer que El-Rei D. Affonso de Castella, desse este Condado de Portugal, ao Conde D. Anrique, e a sua filha, e ella se chamasse Rainha; porém elle nunca se chamou Rei em sua vida, nem seu filho o Principe D. Affonso, até que houve uma grande batalha, e vencimento no Campo de Ourique, contra cinco Reis Mouros, onde foi alevantado por Rei de Portugal, cuja geração veio de Reis, assi da parte do pai, como da mãi, que segundo dissemos este Rei D. Affonso Anriques primeiro Rei que foi de Portugal, era neto de El-Rei Dungria da parte do pai o Conde D. Anrique, que foi filho legitimo dEl-Rei Dungria, e da parte de sua mãi, era neto dEl-Rei D Affonso acima dito, filho de sua filha Dona Tareja, por onde se mais manifesta a esclarecida gloria dos Reis de Portugal, pela nosso Senhor de todolos cabos tanto a exalçar, que de Nobreza, e Realeza de sangue não menos, que de excellentes virtudes, fossem em tanto gráo illustrados.

Em este tempo andando a era de Nosso Senhor de mil cento e trez, foi este Conde D. Anrique a ultra mar á Caza Santa de Jerusalem, conquistada havia quatro annos de Christãos, novamente pelo Duque Gudufre de Bulhão, quatro centos e noventa annos depois que em tempo de Mafamede, e do Araclio Emperador foi tomada a Christãos, e possuida de Mouros, e quando de veio trouxe este Conde muitas reliquias de Santos, entre as quaes foi um braço de S. Lucas Evangelista, que por filho del-Rei Dungria, e fama de sua grande bondade, e cavalarias lhe foi dado em Constantinopla, e a rogo de S. Giraldo que então era Bispo de Braga, deu parte delle á da dita Cidade, o qual elle recebeo em mui grande dom, e o pôz com outras Reliquias da Egreja, e depois que assi o Conde D. Anrique veio de Jerusalem não lhe cessaram guerras com os Lionezes, e ganhou-lhes muita terra até chegar a Estorgua, a qual tendo tomada, e metida sob seu senhorio, dali os guerreou fazendo continuamente muitas cavalgadas pela terra estragando-lhes pães, e vinhas, matando, e prendendo muita gente delles, com que os pôz em tanto aperto, que se lhe não podiam defender, e lhes foi forçado preitejarem-se por esta guiza, que se El-Rei D. Affonso de Castella seu primo chamado Emperador, lhes não soccorresse até quatro mezes, elles lhe entregassem a Cidade de Lião com todas as rendas, e senhorio que El-Rei nella tinha.

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