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A solidão, em que Anthero vive e em que viveu Amiel, aggrava este estado, fazendo-o degenerar, de riqueza fecunda e rara, que pode ser, na perigosa doença que a élite do nosso tempo soffre com raras excepções: o enfraquecimento progressivo nos orgãos que determinam a acção e predispõem para o combate.

Herculano podia repetir a phrase d'um homem muito diverso d'elle, o melancolico Amiel: «sem ter ainda morrido, sou uma alma d'outro mundo; os outros parecem-me sonhos, e eu sou um sonho dos outros.» O homem que foi um poetisador sombrio e solitario, não devia amar um seculo de sciencia e d'industria.

Mas Anthero de Quental longe de ter adoptado a linguagem semi-barbara á força de requintada, com que Amiel pretendeu naturalisar latinas abstracções puramente e genuinamente germanicas, é pelo contrario um escriptor de raça, um escriptor de primeira ordem, dando ao seu sonho, vago como é, o molde nitido e magistral d'uma linguagem riquissima, e sabendo em certas horas ser um prosador de largo folego, um critico sagacissimo e cheio de penetração genial.

Ouvi este soneto que é, como todos os outros, pagina solta de uma confissão intellectual complicada e dolorosa, tal como um Pascal ou um Amiel a escreveram tambem cada um, se , na sua respectiva esphera, um nos seus immortaes Pensamentos, outro no seu jornal tão caracteristico e tão pouco comprehendido: Espectros que velais emquanto a custo Adormeço um momento, e que inclinados Sobre os meus somnos curtos e cançados Me encheis as noites de agonia e susto!...

Amiel n'uma hora de lucidez rara, n'uma d'estas horas em que o visionario mais intransigente em clarão rapido o nada, das chymeras a que immolou a sua vida, traça estas palavras, que são uma revelação e que são um arrependimento: Le resumé: Nada! Rien!... Et pour dernière misére, ce n'est pas une vie usée en faveur de quelque être adoré ni sacrifié

A antiguidade não tinha este prurido de penetração psychologica; por isso a antiguidade foi feliz, radiosa, activa e . Comtudo, dado o nosso gosto pronunciado para este genero de estudos, ainda bem que Anthero escreve, e que Amiel escreveu.

Amiel, que, emquanto viveu, foi obscuro e desconhecido, e que, morto, inspirou a muitos dos mais subtis moralistas modernos, taes como Renan, Caro, Bourget, etc., estudos minuciosos e delicados, soffria, como Anthero, de um excesso de vida interior, origem de desiquilibrios dolorosos.

Como literato, afês-se a ver a critica pelos canones suaves de Montesquieu, mais tarde ampliados por Guyau e, entretanto, a sua alma lavada avistava, e logo palpava, sem tortura, por livre intuição do fundo da sua Arte, as verdades de Amiel quanto ao ideal e ao real, quanto ao cèticismo, pai seguro da tirania, por mais que êle prégue a liberdade.

As suas paizagens são retratos. Um pedaço qualquer da realidade corporea não é para elle mais que um afloramento de energias latentes e uma causa de sentimentos presentes. O pensamento de Amiel, que uma paizagem é um estado da alma, inexacto para os escriptores de imaginação physica, é absolutamente verdadeiro para os escriptores de imaginação psychologica, como o Sr. Oliveira Martins.

ouvi, não me recordo n'este momento a quem, que o livro dos Sonetos lembra tambem em muitos pontos o Diario de Amiel.

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