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A incoerência instintiva, absolutamente sincera, tem uma lógica interior a própria lógica da vida que os psicólogos profissionais nunca auscultaram. Os personagens de Dostoïevski, por exemplo, ganham tanto mais em unidade e em verdade, quanto mais, p'ra olhos vulgares, se contradizem. Bourget é o psicólogo da coerência...

Na madrugada que se seguiu áquella noite tormentosa em que como doido deixára para sempre a capella da rua da Cruz, ainda no ardor da febre em que a anciedade o consumia, Claudio encontrava casualmente sobre a mesa um livro de Paulo Bourget, L'Irreparable. Leu e sentiu um subito despertar. Accordava, tinha encontrado a chave do enigma da sua existencia, a resolução de todas as duvidas.

Saimos juntos, tomamos pelo Boulevard des Côtes, que vae contornando a montanha e mostrando-nos, em cada curva, um aspecto novo d'Aix e do campo, aqui a massa d'arvores illuminadas dos parques dos dois casinos, alem a rua de Genéve, apagada e quieta, mais alem as montanhas cujos perfis se recortam docemente no ceu enluarado, n'um outro cotovello o lago do Bourget, que parece, na noite clara, de mercurio incendiado.

Em Bourget sente-se, como em Anthero, visivelmente e fortemente, a influencia da Allemanha. Discipulo de Schopenhauer, foi elle talvez inconscientemente seduzido quem tornou Schopenhauer intelligivel á França, e popular ou, pelo menos, conhecidissimo em França.

Bourget desceu ao fundo da alma contemporanea e achou , ora visivel como um jazigo a descoberto, ora occulta como um filão inexplorado, esta dolorosa aspiração ao não ser em que virão, talvez, cruelmente e anti-naturalmente, a abortar todos os sonhos radiosos e extranhamente grandes que a humanidade concebeu, que a sciencia tem tratado tenazmente de realisar, e que a arte devia ter a gloriosa, sublime e util missão de traduzir!...

Seria pois Bourget quem melhor do que ninguem faria comprehender até aos mais profanos, e aos menos dados ás sublimes abstracções do espirito, o livro eminentemente moderno, e extranhamente doloroso e contradictorio de Anthero do Quental.

Uma noite, na +brasserie+ do Largo de Santa Justa, esperavamos ambos, com duas conservadoras chavenas de café, ver surgir a silhueta eminentemente caracteristica do Fernando Pessôa, em que se justapõem e quase se intersécionam bem inequivocas reminiscencias da velha Mademoiselle, da +Germinie Lacerteux e do Adrien Sixte, de Bourget.

Amiel, que, emquanto viveu, foi obscuro e desconhecido, e que, morto, inspirou a muitos dos mais subtis moralistas modernos, taes como Renan, Caro, Bourget, etc., estudos minuciosos e delicados, soffria, como Anthero, de um excesso de vida interior, origem de desiquilibrios dolorosos.

E esta probidade litteraria não é coisa de pouca monta ou que alguem possa dispensar-se de a encarar com o mais profundo respeito, porque me hei de lembrar d'aquelle supremo prefacio do Disciple de Paul Bourget, quando elle se dirige á mocidade da sua terra: Dentro de vinte annos tereis em vossas mãos a fortuna d'esta velha patria, nossa mãe commum. Vós sereis a propria patria.

Uma carta d'um editor que lhe pedia um livro para lançar a sua livraria; uma actriz nova e elegante, que lhe lembrava a vaga promessa d'uma peça, duas amorosas a pedir-lhe entrevistas e um escriptor hespanhol que solicitava auctorisação para traduzir «A Face do Homem». A lapis azul, no summario do Mercure de France, chamavam-lhe a attenção para um longo artigo de Philéas Lebesgue, em que o critico entoava um hymno em seu louvôr, enaltecendo a harmoniosa belleza do romance, «mais subtil, como psychologia do que Bourget, mais moderno que Jean Lorrain, e tão puro de estylo como Anatole France». Recommendava-o a Herelle, como sendo a obra d'um Annunzio mais intenso.

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