Vietnam or Thailand ? Vote for the TOP Country of the Week !
Atualizado: 27 de junho de 2025
Então Sofia, que um dia e uma noite o viu chorar sem tregoas, d'olhos postos n'ella; que outro dia e outra noite, sem gritos nem phrases, o viu todo branco e com fome, d'olhos aguados, no mesmo choro d'afflicção alheada, mais alta, desceu as escadas e entrou em casa das prostitutas.
Escute, Sofia Petrovna, responde Maria Alexandrovna fora de si, fique sabendo que assim ninguem se atreve a pôr pé numa casa decente;... e n'esse seu estado, de mais a mais!... Se me não favorece desde já com a sua ausencia... obriga-me a appellar para... Bem sei, chama os criados para me pôrem no olho da rua? Não lhe dê cuidado, sei muito bem o caminho. Adeuzinho!
Batia a luz do candieiro na cara oleosa do Gebo, no nariz enorme, nos seus olhos tristes, e, do outro lado da meza, só se viam illuminadas as mãos de Sofia, toda a noite trabalhando sem ruido e sem descanço. Já tive uma lettra tão linda e agora... Os desgostos cansam a gente.
Todos os dias desapparece alguma das mulheres levada para o Hospital. Mas cantam, cantam sempre. Sofia sorri resignada. Na vida que lhe resta? O Gebo a sustentar. Todas as manhãs sobe á mansarda onde o velho dorme, levando-lhe pão, que elle mastiga com um nó na garganta. Olha-a com lagrimas e só diz: Filha! A existencia é como um circo. Não ha piedade.
Dizem-me: a que recanto espantoso vae a natureza buscar esta ignea bondade? A que esconderijo, a que veio occulto? De que força é que se constroe, de que chimica é que se forma a bondade profunda, inabalavel, inextinguivel, que sustenta e ampára os pobres?... As prostitutas que dantes odiavam Sofia, chamam-lhe agora menina, depois que a vem sua egual.
Em quê?... O Gebo ao pensar na sorte de Sofia cuidava que lhe torciam o coração. Por ella é que se batia ainda com o destino. E quasi não tinha pão para lhe dar! A mulher clamava: Mas trabalha! tu não trabalhas!... Tu o que és és um mandrião. Olha os outros como furam, como sobem... Tu és um estupido! Na vida é preciso ter-se muita finura. Quem é assim não se casa!
A bom intendedor, o resto já se sabe! Saúde! Pfu-u! Some-se a Sofia Petrovna. Desata toda a gente á gargalhada. Maria Alexandrovna ficou entupida de todo. Estou em dizer que beberia a sua pinga, diz a Natalia Dmitrievna, muito de mansinho. Se já se viu semelhante desaforo; Abominavel criatura! Se quer ao menos fartámo-nos de rir! Que chorrilho d'inconveniencias!
Se tudo acabasse!... Mas não, era preciso tornar á mesma vida de desespero, pizar sempre o mesmo chão, atraz de esmolas para a sustentar. Nos dias, agora amiudados, de fome, já ninguem o esperava n'uma ancia como outrora: E então? então? Arranjaste?.... Sofia, essa pobre rapariga que da vida só conhecia afflicções, não tinha para o Gebo nem más palavras, nem queixas. Amava-o.
Ouve-se, na saleta contigua, um alarido de vozes, de exclamações, e rompe por ali dentro a Sofia Petrovna Karpukhina. A Sofia Petrovna é sem discussão possivel a mulher mais original em toda Mordassov; é original a ponto que tiveram que a excluir da sociedade.
Mas agora nem isso... Enregelados não apellavam para a illusão. Elle chorava e Sofia, alheada e triste, cuidava, ambos sem palavras que dissessem. Oh seria tão bom morrer, descançar, dormir por uma vez sem mais acordar!... Mas, aguilhoado e ridiculo, aquelle homem picaro, apegava-se como um desesperado á vida. Ainda por cima o Gebo era cobarde: tinha um grande medo á morte.
Palavra Do Dia
Outros Procurando