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No collegio, muita vez, punha-me a fazer esforços para me representar a figura benevola d'aquelle santo Papa da idade gothica, risonho sem duvida e encarquilhado, com o seu barretinho de purpura, e um grande annel de turqueza, concedendo ás filhas de Santa-Agatha o cordeiro branco para a consoada do Natal.

Zuniam as abelhas, cantavam os passaros, e o cheiro das flores, em que me tinha deitado, trepava-me á cabeça. Fechava os olhos encadeados com a luz do céo e punha-me a sonhar. O sol appareceu por detraz do monte, correu uma aragem, as florinhas do rosmano curvaram-se, escondendo-se na troca dos beijos.

Na magreza do seu rosto, d'uma pallidez cadaverica, os seus grandes olhos negros, muito encovados, guardavam tudo o que lhe restava de vida, um sopro apenas de vida, que era um bafejo da morte. Parecia-me ás vezes, quando se fechavam, que não tornariam a abrir-se, e punha-me então a espreitar, na translucidez das suas palpebras, o momento preciso em que se apagassem. Custa tanto morrer, sabes?...

Um dos meus divertimentos predilectos era contemplar Nova-York do alto. Muitas vezes punha-me de cima da ponte de Brooklin, braços cruzados, n'um extase de fetiche, a olhar para um e outro lado, acompanhado com a vista a vela das embarcações que singravam no rio, pequeninos, microscopicas.

Eu nunca tive sorte. Que me importava a mim que elle me batesse? Punha-me a olhar p'r'as nodoas do meu corpo e a dizer por dentro: Este é meu amigo. Um dia partiu-me um braço, mas a gente é como os cães, que gostam d'um dono que lhes pontapés. O peor foi que elle botou-me ao desprezo. Os homens são todos o mesmo... Vidas! vidas! Um dia disse-me: Estou farto de ti.

A lua é como uma lampada que o sol deixa accesa quando parte. Como a noite é linda! E purificadora. O somno é um mergulho na Eternidade. Quando eu era pequenina, mal anoitecia, punha-me a tremer de medo e depois de rezar conseguia adormecer. Porque a é uma claridade que desfaz as sombras interiores.

Era a pobre rapariga fugida aos ciganos, alli sósinha, temendo ser descoberta, temendo o silencio da noite, a sombra dos pinhaes, os gritos lugubres dos corvos!... Punha-me no seu logar e pensava: Senhor, como pôde ella não morrer de susto?!...

Eu estudava longas horas, velado pela criada que ia rezando sempre. A concentração do estudo e a convivencia com o padre tornaram-me melancolico. Atravessavam-me o espirito uns horrores vagos do inferno e do dia de juizo. A idéa da morte punha-me medo. De noite tinha sonhos agitados; acordava banhado em suor, a chamar por minha mãi.

E eu, que não podia ir ler tanto calhamaço em folio, em quarto, em oitavo, e em doze, estacava, punha-me a gaguejar, perdia o fio da narrativa, e não proseguia nesta notavel historia do padre prior, a qual me abriria as portas do Instituto Historico de París, se eu fosse tão creança que me resolvesse a pagar não sei quantos francos por anno para gosar dessa incomparavel honra.

Agora, punha-me a pensar que viera áquelle vasto imperio para acalmar pela expiação um protesto temeroso da Consciencia: e por fim, impellido por uma impaciencia nervosa, ahi partia, sem ter feito mais que deshonrar os bigodes brancos d'um general heroico, e ter recebido pedradas pela orelha n'uma villa dos confins da Mongolia. Estranho destino, o meu!...

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