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Atualizado: 25 de maio de 2025
O ultimo bilhete d'ella é este que te envio . Não calculo o que succedeu para resolução tão improvisa! Dar-se-ha caso, Fernando, que a tua doentia imaginação te enganasse? Poderias tu ser injusto, sem consciencia de o ser? Irias arrebatadamente, onde com alguma hora de reflexão, deixarias de ir?
Á hora que te escrevo estás tu para entrar na nau dos degredados, e eu na sepultura. Que importa morrer, se não podemos jámais ter n'esta vida a nossa esperança de ha tres annos?! Poderias tu com a desesperança e com a vida, Simão? Eu não podia.
Eu bem sei que foi um mau passo o que dei misturando-me com esta canalha... Mas agora que remedio tenho senão proseguir no caminho mau em que me lancei? Tambem não é tão mau como dizes. Que poderias tu esperar dentro das velhas normas? A manga d'alpaca e desoito a vinte mil reis por mez com papel dos officios para as intermittencias jornalisticas.
Não pódes respeitar esta agonia, porque não a comprehendes, innocente martyr. Se soubesses... poderias abominar-me agora, para te compadeceres depois. «Sei, mãe. Que sabes tu, Ludovina?! exclamou Angelica, abraçando-a convulsivamente. «O meu silencio responde-lhe, mãe... Não soffra pela minha deshonra.
Quantos menos titulos tiverem á sua benevolencia, mais se deve esmerar no seu tratamento. Agora póde-se retirar com elles. Venham, senhores. Dize-me, meu caro amigo, poderias representar a morte de Gonzaga? Com mil vontades, senhor. Então ámanhã. Dize-me mais, poderias tu aprender de cór, sendo preciso, doze ou dezeseis linhas que eu desejava intercalar na peça? pódes, não é verdade?
E tu, que nasceste fadado para seres caixeiro de teu pae, que poderias chegar a aperfeiçoar o artefacto com que elle se enriqueceu se não desses a escrever versos e a lêr poetas allemães, a pintar olheiras, a fazer-te triste, a andar com a cabeça pendida, a escrever o teu artigosinho para o jornal, tu, que andas curvado a procurar pelas ruas os pensamentos que os outros deixaram, tu, se não fosses o que és, meio litterato e meio negociante, tu serias o que devias ser chorão.
Porque a mim, que sou tua mãe, Zina, me assiste o dever de me justificar a teus olhos. E demais, quero apresentar-te este negocio, todo elle, sob uma luz nova para ti e que é a unica verdadeira. Emfim, sem estas promessas, não poderias comprehender a conclusão que d'ellas pretendo deduzir. Não creias, minha filha, que intento fazer pouco dos teus sentimentos.
Eu já esperava a resposta, miseravel! bradou ella enfurecida Eu bem sabia que o teu maior martyrio seria que eu te acompanhasse, porque, indo comtigo, não poderias levar na tua companhia a mulher por quem me trocaste, vil! Leonor! Não tentes negar! Sei tudo, canalha! Leonor! Juro-te...
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