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Atualizado: 27 de julho de 2025
Ha muito que Ramalho Ortigão é considerado um dos melhores criticos de costumes, um dos melhores coloristas da moderna arte; sabia-se que a sua faculdade predominante, essa faculdade da qual, no artista, todas as outras derivam, e na qual todas as outras se filiam, era a de ver o aspecto exterior das coisas com uma nitidez, uma precisão, uma minudencia e ao mesmo tempo uma largueza de observação, que podem chamar-se verdadeiramente geniaes.
Em primeiro logar, o seu vocabulario não é numeroso; não se manifesta nos seus livros aquella abundancia, que no Sr. Ramalho Ortigão provém de um forte estudo do lexicon, e no Sr. Camillo Castello Branco de uma memoria verbal extremamente feliz. As palavras vagas não escasseiam nos seus escriptos mesmo exprimindo ideias precisas.
O visconde de Benalcanfor, Ricardo Guimarães, aquelle florido talento que disputou a Lopes de Mendonça as galanterias do folhetim; Ramalho Ortigão, o prosador elegantissimo, o fidalgo da graça senhoril, a revelação mais assignalada que ainda tivemos do espirito francez; Alberto Pimentel, a quem se estão desentranhando em fino ouro os minerios mais copiosos da vernaculidade; Sousa Viterbo, dulcissimo poeta e prosador correcto, estes, que seriam para o Porto bastantes padrões de sua litteratura, passaram para Lisboa; e Silva Pinto, a escoria da cainçada litterateira de Lisboa, baldeou-se no Porto.
E, como preparo, como viatico fortificante para esta viagem de historia e de critica, embeber-se-ha nas paginas augustas da já, e nunca assaz, citada carta do Eça-de-1878 e, ahi, verá as tendencias iniciaes de Ramalho Ortigão, antes da publicação das Farpas.
Ramalho Ortigão deixa entrever tudo isto sem o accentuar demasiadamente, limitando-se a fazer-nos entrar com elle em dois ou tres interiores que se lhe franquearam, e que elle pôde observar com a sua poderosa faculdade critica.
Cada vez me convenço mais de que ha antagonismos de raça ineluctaveis, visto que eu, depois de ter lido, verdadeiramente vibrante da feliz sensação de admirar, n'esse prazer de intelligencia que uma bella obra de arte nos produz, o livro de Ramalho Ortigão, me não decidi a fazer a minha malla, a pegar nos meus dois filhos pela mão, e a ir viver para todo o sempre na Haya ou em Amsterdam...
Todas as virtudes e energias, todas as bellas qualidades humanas e sympathicas, de que Ramalho Ortigão nos faz no seu livro a attrahente pintura, todos os defeitos tão graves que não quiz vêr, mas que existem n'ella, deve-os a raça neerlandeza justamente a essa tensão de vontade que ella exerce incansavelmente desde seculos, e que tanto lhe modificou a indole primitiva.
Fiz uma travessia melancholica; e, ao desembarcar em Lisboa, esperava-me a noticia da morte do meu venerado amigo Ramalho Ortigão, a quem eu queria como a um avô, e que, poucos dias antes, se finara entre afflictivos soffrimentos. Não sei, nem agora me importa saber, se é monotona a descripção de uma dôr humana, para os desconhecidos de quem a soffreu.
Mas, admittida tão arrojada proposição, a contradicção, a censurada contradicção, nem sequer fica sendo apparente, porque de todas as obras, que correm mundo com o nome do celebrado cantor da Primavera, foi exactamente essa, que lhe não pertence, a que alcançou os elogios. A ser como o sr. Ortigão assegura, a que vem aqui a palavra contradicção?
Ramalho Ortigão com este livro, que é um exemplo e um castigo, que é um incentivo, que é um grito de alarme lançado em meio da nossa preguiça, da nossa indolencia, da nossa empavezada e burgueza vaidade, fez, como eu já disse, mais do que uma obra bella, fez uma obra boa, de que nos cumpre aproveitar a utilidade immensa.
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