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Atualizado: 11 de junho de 2025


Como antes d'aquella houve poetas, assim antes d'este houve romancistas; como Homero eclypsou a memoria dos cantos dos seus antecessores, assim Lobeira fez esquecer as mal tecidas invenções dos mais antigos novelleiros, e o Amadis de Gaula é a primeira e a principal novella no extensissimo catalogo dos contos de cavallaria. Poucas memorias nos restam acêrca de Vasco de Lobeira.

Era esta a litteratura d'aquelles seculos, nem outra podia ser: a imaginação dos poetas e novelleiros não alcançaria espraiar-se além das fórmas da sociedade de então; porque a litteratura de todas as epochas sem exceptuar a nossa, não é mais do que um echo harmonioso, ou um reflexo resplendente das idéas capitães, que vogam em qualquer d'ellas.

Vê-se, portanto, que o pensamento d'estes romances era uma allegoria religiosa, um typo do alvo em que devia cada cavalleiro pôr a mira do seu procedimento para merecer tal nome, ou para ser escolhido de Deus . A este cyclo pertencem o Perceval, Lohengrin, Titurel, e uma parte dos romances da Tavola-redonda, porque muitos dos cavalleiros de Artus trabalhavam por conquistar o Sancto-Greal, que, segundo escrevem alguns dos novelleiros d'esse cyclo, tinha sido levado para Inglaterra.

Mas esses pedantes, disse o Barbadinho, neste tempo escuro, em que mui poucos aprendem Latim, he que trazem mais algum estudante. Pobres de juizo, disse Antonio Pereira todo agastado, pobres de juizo saõ os que accreditam similhantes novelleiros. Como se os estudos do Rei naõ fossem a honra de todos os vassallos?

A phantasia de alguns novelleiros explicava o facto por motivos occultos, dando a entender que os serviços, que devia a casa Whitestone a Manoel Quentino, eram maiores do que os reconhecidos por ella e que as economias do velho guarda-livros tinham valido para atalhar os males causados pelos arrojos do patrão.

Esta commodidade aproveitaram-na todos os novelleiros que vieram depois de Lobeira; e para as distancias que seria incrivel fazer correr em curtissimo prazo a um cavalleiro, estavam as magas e os encantadores, especie de espada de Alexandre, que o escriptor sempre tinha á mão para cortar todos os nós gordios que embaraçavam as narrações.

Qual era a causa de semelhantes boatos? Tão bem conheciam Maria Alexandrovna que lhe tivessem adivinhado, com tão perfeita unidade, os mais intimos pensamentos? Nem a inverosemelhança de um tal boato, visto como um projecto d'aquelle genero se não leva a effeito no espaço de uma hora, nem a falta evidente de todo e qualquer fundamento, pois ninguem sabia d'onde partira a noticia, puderam dissuadir os Mordassovenses. O mais surprehendente, era o haver-se principiado a espalhar o boato no proprio ensejo em que Maria Alexandrovna encetava aquella sua conversa com a Zina a semelhante respeito. Tal é o faro dos provincianos! O instincto dos novelleiros das cidadécas attinge por vezes as raias do maravilhoso. E todavia, o caso explica-se. Baseia-se no estudo intimo e perseverante do proximo. Todo o provinciano vive debaixo de uma redoma de vidro, como se disséssemos.

Que importa ao bem do individuo ou da collectividade de hoje, que uns versos repassados d'uma verdade sentimental, á força de sentida quasi incomprehensivel, versos, demais a mais vasados n'uma trama ingenua, bucolica, pastoril, sejam obra d'um ou d'outro recuado quinhentista ou, mesmo, tenham sido levados á conta d'um lendario personagem que, como poeta, nunca tivesse existido, a não ser na phantasia d'uns novelleiros de profissão que, com o rodar do tempo, conseguiram guindar a sua improbidade litteraria aos pinaculos d'uma certeza irrefutavel?!

A ultima classe de romances de cavallaria é aquella em que as personagens e successos da historia antiga, conhecidos imperfeitamente, davam largueza á imaginação dos novelleiros, que revestiam essas personagens dos costumes, crenças e opiniões da edade-média, e affeiçoavam esses successos pelas instituições da cavallaria, enxerindo até os heroes da Grecia e de Roma, nas familias fabulosas dos Artus e de Amadis.

Dividiriamos antes essa multidão de romances em cinco cyclos ou classes: a de Artus, a do Sancto-Brial, a de Carlos-Magno, a de Amadis, e a dos romances a que podemos chamar greco-romanos, porque eram as vidas dos heroes antigos, que davam materia ás invenções dos novelleiros.

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