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E elle soube que era amado d'aquella mulher que havia de herdar muito ouro, e nem por isso lhe deu o galardão de ter descido até ao pobre estigmatisado para sempre. Nem palavra de humildade agradecida, nem de animo alvoroçado por esperança de ser, a um tempo, amado e rico. Deolinda ousou arguil-o de frio e desdenhoso.

Vale duzentos contos a carga da Deolinda! diziam os amigos do Africano, quando as velas da galera, chamada com o nome da filha de seu dono, trapeavam bafejadas por aprazivel briza. A navegação, por perto da costa, e sempre ajudada por prosperos ventos, correu alegre e descuidosa de receios.

Depois, foi contar á filha o que ouvira, e o desgosto que queria evitar no encontro de festas, tão desapropositadas da tristeza de ambos. Deolinda, prostrada no leito, approvou a resolução do pai, queixando-se de agonias, suffocações e desmaios do coração, que mal a deixavam seguir a jornada.

A casa grande das quinze janellas branqueja no espinhaço do monte. As janellas fecharam-se ha seis mezes, ao mesmo tempo que duas sepulturas se abriram. A sepultura do Africano que chegava ao cemiterio, quando a filha expirava; e a sepultura de Deolinda, quando o sino dobrava ainda nos funeraes do pai. Ao homem, que morreu n'aquella casa triste, chamavam o Africano. Estou-a vendo d'aqui.

E ella saltou de impeto ao escaler, apenas amparada na mão de um passageiro, que lhe disse: Adeus... Não vem? perguntou ella. Primeiro hão de ir as crianças, as mulheres e os velhos. Deolinda contemplou-o alguns momentos, e amparou-se na face do pai, onde as lagrimas derivavam copiosas. Os escaleres vararam na areia, revessados no rolo da vaga. Estavam salvos os velhos, as mulheres e as crianças.

Um dos que alli morreram foi aquelle que, dando a mão a Deolinda, lhe dissera: «AdeusEra um homem de trinta annos, bem figurado, ares de fina raça e maneiras de cortezão, com palavras polidas e muito alheias das usuaes nos homens que viandam por aquellas paragens. Não lhe sei o nome, nem que lh'o soubera o diria.

São meditações estas que, em Africa, passam rapidas como o sirôco, mas não abrazam, nem obrigam as caravanas a curvar o corpo até bater com as faces nos areaes. Os que por alli veniagam, á imitação do pai de Deolinda, pensam, se acaso pensam, que a justiça do céo tem alçada em mais amenos climas, e descura saber se o homem tem mais ou menos semelhança com o tigre.

E que a sua Deolinda, estanciando nas empinadas serras de S. Gothard, lhe dissera que seria feliz se morasse no topo d'uma montanha, em casa imitante de outra onde pernoitára, e d'onde vira levantar-se o sol do seu leito de neve.

N'esta conjunctura, o pai estabeleceu entre si e Deus uma convenção que era delirio precursor da demencia ou da morte: «Se ella hoje morrer, ou Deus me mata ámanhã, ou, quando ella estiver sepultada, eu me matarei.» O parocho, que sacramentára Deolinda, ouviu estas vozes, e disse aos botões da sua batina: «Este homem está no inferno

Quando ficou sósinha, Deolinda chamou o pai e disse-lhe: Não quero ir d'esta vida, sem dizer-lhe um segredo com que não devo morrer. No meu bahú está uma caixinha de folha, que o mar lançou á praia, depois do naufragio. Levaram-me em Cabo-Verde esta caixinha, cuidando um marujo que fosse minha. Abri-a, e vi que encerrava cartas de uma mãi muito extremosa para seu filho.

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