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Atualizado: 5 de junho de 2025
As Cuevas de Bella-mar formam um dos mais bellos panoramas que se podem imaginar. A caverna prolonga-se a perder de vista, deslumbrante como um palacio encantado, á luz dos archotes, porque é impossivel percorrel-a sem luz, e a cada passo uma nova exclamação de surpreza irrompe da bocca do observador, espontanea e enthusiastica.
Mas por seu turno em toda a extensão da costa desde o Promontorio Cepressico até ao rio Callippo, o mar recomeçou o trabalho de erosão abrindo numerosas Cavernas, destacando-se entre todas a mais profunda e mysteriosa, a Caverna das Fadas.
D. Maria Telles faz suas objecções: a caverna do referido solitario ou homem dos mysterios tem má nomeada: ninguem se atreve a chegar perto d'ella: a isto acode o poeta, com dizer que todos esses medos são sandices do vulgo, e que lá por certos barruntos que elle tem, adivinha que o solitario é pessoa de porte e de bondade.
Abeirando-se da caverna: Sem saber onde estou, a estremecer d'horror, Esfarrapado, ardendo em febre, sem vigor, Ouvindo sempre ao longe uns gritos de tortura, Venho enterrar-me aqui, na treva da amargura, Onde encontro por fim, núas e desgrenhadas, A Consciencia a chorar, a Infamia ás gargalhadas! Ri convulso, com a cabeça entre as mãos. E o écho da caverna responde-lhe longamente...
Oh mar, que vais quebrando Rolo após rolo pela praia fria, E fremes som de paz consoladora, Dormente murmurando Na caverna maritima sombria, Em ti minha alma a eterna cruz adora. Oh lua silenciosa, Que em perpetuo volver, seguindo a terra, Esparzes tua luz ameigadora Pela serra formosa, E pelos lagos que em seu seio encerra, Em ti minha alma a eterna cruz adora.
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